O meu não-perecível favorito
Aborrecem-me os perecíveis. Do ser humano ao iogurte. O prazo de validade das coisas é uma chatice. Vai-se ao frigorífico e verifica-se que o mesmo tipo de maionese que aqui há umas dezenas de anos não tinha termo de possibilidade de consumo e podia ser deixada de pais para filhos só pode agora ser consumido, regra geral, até ontem. Com as pessoas é a mesma treta, começam a perder qualidades e de vez em quando até desaparecem, e com os problemas adicionais, em relação à generalidade dos demais perecíveis, de não andarem com a data afixada na testa e não poderem ser substituídos ou consumidos mesmo assim – fora de prazo. Mas todos os seres humanos? Não! Pedro Santana Lopes parece escapar à cruz que os demais carregam. Divinamente imaginado para nos divertir e às vezes até governar (?), ei-lo de volta. Agora e sempre. Para perder outra vez, é certo, mas a expectativa da campanha que se avizinha faz-me salivar. O tipo não se estraga, não perde qualidades, a sua agradável e constante incoerência, aquele corte de cabelo, tudo se mantém, intacto. Toda aquela mágica magia que faz os mortos invejar os vivos - porque nós podemos assistir de pé ou sentados, deitados só mesmo se quisermos, ao espectáculo. Santana - acredito que desde o princípio e até ao fim dos tempos.