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Uma morte como mote

 

 

Um dia depois de ter falecido Mark Feldt, o célebre Garganta Funda que esteve na origem do caso Watergate que levou ao  impeachment de Nixon, passa uma década da aprovação, pela Câmara dos Representantes, de « duas acusações, ou "artigos do impeachment"» a Bill Clinton. A história ainda não acabava aqui mas, para já, interessa-me voltar ao seu início.


Em Janeiro de 1998, explodia o caso Lewinsky e eu pasmava diante das notícias. De repente éramos bombardeados por questões fundamentais para o futuro da humanidade como a de saber se um broche era ou não uma relação sexual. As minhas memórias do período estão cheias de gargalhadas mas também de incredulidade. Como era possível que as escapadinhas do presidente americano (que também é filho de deus, ora, tem todo o direito a tê-las) se tivessem tornado o "maior problema da humanidade"? Podem acusar-me de estar a ser naif mas nunca consegui valorizar tudo aquilo para além do nível do anedotário político. Divertia-me que nem louca a apreciar as várias vertentes noticiosas, a ver como o assunto era abordado na imprensa americana. Desde um "When The Kids Ask Questions?", passando por "Allegations Pose Agony For Women's Groups", até "Therapists See Good From Clinton Scandal", encontram-se artigos para todos os gostos e isto apenas no arquivo do Washington Post. Por estas bandas, e no número do Expresso que fotografei, para além da reportagem baseada na investigação da Newsweek, o Comendador Marques Correia recentrava a discussão nos níveis que ela merecia e preferia, sem dúvida baseado na capa da Revista, inspirar-se num grande êxito da música portuguesa (que a seguir podem ouvir) para uma mui reflectida análise do problema afirmando que o busílis todo estava na óbvia preferência do senhor por olhos verdes. Ah! O facto do Comendador ter trocado, na sua sua crónica, os olhos negros e os azuis não é especialmente grave.

"Olhos negros são ciúme" - aí está, também não é grande coisa, mas uma rapariga dessas talvez só lhe tivesse morto o gato "socks", quiçá dado uma facada na sua esposa Hilary, coisa de pouca monta, comparado com o que tem agora.
"Olhos azuis são queixume" - uma moça destas podia queixar-se à mãe, ao psicólogo, ao padre, até à Hilary, mas nunca a um Procurador, ou ao FBI. Porque este queixuma é de "uma tristeza sem fim", como diz a canção, e não um queixume feito de denúncias e crueldades.
"Olhos verdes são traição" - cá está, é o que tem . Não se queixe. Elas são traiçoeiras, apenas o querem prejudicar. E ainda por cima são "crúeis como punhais", o que já faz sentir o frio da lâmina entre duas costelas.

(Expresso, nº 1318, 31/1/98)
 

 

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