Famílias bilingues...
... têm tragédia assegurada e a dobrar nesta quadra. O natal é uma catástrofe musical em todas as latitudes e nem sequer estou a pensar naquelas colectâneas de horrores que as editoras têm por costume lançar no mercado nesta altura, bastam-me as enjoativas melodias de natal. Para além dos hits nacionais - o expoente máximo é, entre nós, aquela coisa que nem consigo descrever, cantada pelo Coro de Santo Amaro de Oeiras -, ainda temos que passar semanas e semanas a ouvir o White Chritmas ou o Jingle Bells. Se temos o azar de ter misturado genes com estrangeiros não anglófonos herdamos também as cançonetas de natal de uma terceira tradição linguística. E se, para ajudar ainda mais à festa, tal mistura de genes ocorreu no mundo francófono é certo e sabido que, pelo menos enquanto as crianças são pequenas, não há forma de escapar a uma das múltiplas versões do %/$#/# do Petit Papa Noel. Mais...se por acaso as crianças da família tiverem nascido por alturas do início dos anos 90 é quase certo que foram, num ou noutro momento das suas vidas, fieis seguidoras do Club Dorothée (que é melhor nem saberem o que é) e, assim sendo, é muito provável que seja esta a versão que recordam. Podia, tendo Carlos (que faz duo com Dorothée) como mote, questionar o trabalho da célebre psicanalista da infância Françoise Dolto porque os resultados práticos do seu trabalho (Carlos é seu filho) não me merecem grande credibilidade.