Um brinde a 2009
Porque a época o propicia e se aproxima a hora em que a maioria de nós saúda o novo ano com libações sortidas, recupero alguns posts que escrevi o ano passado por esta altura no De Rerum Natura. Os posts tratam dos benefícios de antocianinas e dos polifenóis que muitas vezes as acompanham no mundo vegetal e relembram uma fonte destes compostos muito importante na dieta mediterrânica.
Estou a falar do vulgar vinho tinto, cuja coloração é devida à presença de antocianinas (ausentes no vinho branco) e de uma série de polifenóis que com elas complexam. Os polifenóis do vinho são também os responsáveis pelas suas características organolépticas, nomeadamente os compostos designados por proantocianidinas, catequinas (como as presentes no chá) e epicatequinas monoméricas ou poliméricas, normalmente associadas ao ácido gálico, o precursor do ácido elágico tão elogiado nos últimos tempos.
Há relativamente pouco tempo descobriu-se no vinho outro composto, o resveratrol, que estimula uma enzima que retarda o envelhecimento das células e que se pensa prevenir doenças como Alzheimer, para além de estar associado a uma diminuição do risco de doenças cardíacas. O resveratrol é uma fitoalexina, um composto que desempenha nas plantas o equivalente ao nosso sistema imunológico, sendo produzido pela videira em resposta a uma infecção de «podridão cinzenta» (botrytis).
O interesse que o resveratrol tem despertado na comunidade científica tem a ver com o facto de ser até hoje o composto mais eficaz na activação das sirtuínas, os genes SIRT que produzem as enzimas que desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde e longevidade da célula.
Por isso, nesta passagem de ano, em vez do habitual champanhe, talvez não seja má ideia brindar o novo ano de uma forma mais saudável!