vai uma mão cheia de sal, ó pãezinhos?
recebi no mail do dn um projecto de lei do ps sobre a regulação do teor de sal presente no pão. não li o projecto. aliás, não costumo comer pão. mas achei razoável. estou farta de ler protestos da deco quanto ao teor excessivo de sal colocado em alimentos manufacturados. e pensei: ai, lá vem a brigada 'anti-politicamente-correcto' aos guinchos que ai jesus é o totalitarismo higienista e tal. ora bem, ei-los.
os argumentos são os esperados: a auto-determinação alimentar, o direito de uma pessoa se empaturrar com sal se lhe apetecer, e a liberdade, obviamente com éle grande, enorme, e hino e tudo.
a sério, devia ter feito um raio de um post a antecipar este argumentário todo e rebolar a rir com as reacções. mas tive preguiça.
será que ocorre a esta gente que o pão na maior parte dos casos não costuma trazer rótulo (ou querem uma embalagenzinha para cada papo seco para arrepelarem o cabelo com tamanho higienismo e com a falta que vos faz o tradicional cheirinho do pão?) e que portanto ninguém tem meios de saber qual o seu teor de sal antes de o deglutir ou de o dar a deglutir aos outros, nomeadamente criancinhas, a não ser que monte um laboratório em casa? será que ocorre a esta gente que o sal -- ingrediente do qual sou adicta desde criança, by the way -- é assim a modos que um venenozinho de trazer por casa e se alguém se quer envenenar é bom fazê-lo conscientemente? será que ocorre a esta gente fazer o mesmo tipo de reivindicação em relação a todos os alimentos, por exemplo, à carne e ao peixe -- é acabar com a porcaria dos matadouros e das lotas oficiais e dos veterinarios obrigatórios mais as normas de frio e deixar abater e vender os animais onde e como calhar e no estado em que estiverem, que a malta ós pois se morrer morre livre?
(desde que o pedro arroja me quis convencer, numa entrevista de 1994, que a ausência total de normas em tudo é que era, tipo nos medicamentos a malta ia morrendo até dar com a cura, que me ando a rir desta estirpe de liberais)
embora lá ser individualmente responsáveis pelo que comemos. bora. acabemos com esta ditadura iníqua do politicamente correcto. e nem pensar em, se acharmos o pão insosso, lhe barrarmos uma cena salgada. ná -- tem muito mais graça ser alguém a escolher por nós o sal que comemos no pão, desde que esse alguém ganhe dinheiro a carregar-nos de hipertensão sem darmos por isso e, abrenúncio, nunca seja o estado, esse malandro.

