Em defesa de Pacheco Pereira
Imagino que esteja a desnortear o leitor, mas a realidade é multifacetada. No útlimo texto de Pacheco Pereira, citado com acertada ironia pela Fernanda, "prato de Petri" é provavelmente o único sinal de mérito que lá se encontra, ao contrário do que a Palmira escreve. É verdade que ninguém em Portugal que trabalhe em microbiologia diz "prato de Petri". Diz-se "caixa de petri" ou "placa de Petri". "Prato de Petri" será talvez uma criação brasileira a partir de "Petri dish". Pode ser que a minha simpatia para com Pacheco Pereira quanto a esta minudência resulte da memória ainda fresca de uma oral de química em que fui gozado pelas professoras por me referir ao azoto como "nitrogénio", que era como tinha aprendido no liceu. Mas pode ser também que o "prato de Petri" de Pacheco seja um sinal da sua cultura ecléctica e de autodidacta. Se uma pessoa não estuda Biologia, não saberá dizer "caixa de Petri". Por outro lado, só se esta pessoa nunca se interessou em algum momento por Biologia é que estará a salvo de dizer "prato de Petri". Havendo tanto por onde se pegar no pensamento de Pacheco Pereira sobre os media, é escusado criticá-lo por aquilo que ele tem de mais nobre e que é tão raro entre os doutores e engenheiros da política portuguesa.