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jugular

Nem era preciso ser bruxa...

... para adivinhar que uma noticia de ontem ia ter reacções como a de Paulo Marcelo no Cachimbo de Magritte. Relembro, para os mais distraídos, uma das frases do "post sintese" do Sim no Referendo, blogue onde participei com, entre outras pessoas, alguns jugulares "Votar Sim é dar o primeiro, o único passo para eliminar ou reduzir drasticamente o aborto clandestino em Portugal.". Relembro também que um dos grandes motes dos que lutaram pela despenalização do aborto foi "Tornar o aborto clandestino mais raro". Qual é a parte do mais raro e do reduzir drasticamente que o Paulo Macedo não percebe? Se quiser até posso partilhar consigo uma reflexão que escrevi em 28 de Fevereiro de 2007 e que me parece que não é despropositada.

 

Aquilo que li hoje sobre a proposta de lei sobre o aborto agradou-me. Parece-me que estamos em presença de uma proposta sensata e equilibrada. A minha única grande torcidela de nariz diz respeito às condições impostas às IVGs praticadas por menores. Por representantes legais entende-se, salvo raras excepções, os pais, ora todos sabemos que muitas (a maioria, atrevo-me a dizê-lo) das adolescentes que recorre ao aborto fá-lo sem informar os pais de tal decisão. Num país tremendamente conservador como o nosso o diálogo franco entre pais e filhos sobre sexualidade é algo praticamente inexistente. Aliás, a maioria dos pais recusa-se ("acefalamente", digo) a aceitar a sexualidade adolescente como algo normal. Por estas razões, e mais umas quantas, é que me parece que a solução legislativa francesa é bem mais interessante e afasta meeeesmo este tipo de situações da clandestinidade. Em França há sempre um adulto responsável que acompanha o processo mas não é, forçosamente, pai ou mãe, pode ser um familiar, um professor...
Ah! É também pelas razões que apresentei acima que mantenho algo que já aqui afirmei antes: a escola tem um papel FUNDAMENTAL a desempenhar na educação sexual e no planeamento familiar... mesmo à revelia dos pais.

(declaração de interesses: s
ou mãe de uma adolescente e de um pré adolescente, por isso dispensam-se bocas do estilo "Queria ver se gostavas de não ser informada caso tivesses filhos")

 

E mais outro de Outubro de 2007:

 

Parece-me demasiado prematuro tirarem-se conclusões como as da Marta Rebelo, a propósito do número de IVGs feitas em Portugal. Infelizmente os muitos anos de clandestinidade criam "vícios" e ainda hoje, alguns meses depois da lei regulamentada, o "bouche à l'oreille" ("estou grávida, ajuda-me, conheces alguém...?") continua a persistir. Inevitavelmente haverá algumas - cada vez menos - IVGs que, assim, continuam a não entrar na "contabilidade oficial". Penso que acontecerá em Portugal o mesmo que noutros países... depois de um número abaixo do previsto, haverá um salto para os números expectáveis (que estatística e acriticamente será olhado pelos adversários da despenalização do aborto para proclamar o "aumento exponencial provocado pela lei").

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