Golpe de teatro no caso Eluana Englaro
Numa Itália à beira de (mais) uma crise constitucional devido às tentativas de Berlusconi de se sobrepor aos tribunais (e concentrar em si o poder), o ministro da saúde protagonizou hoje outra manobra no mínimo burlesca.
De facto, face à recusa do presidente Giorgio Napolitano em assinar uma lei inconstitucional e rabiscada à pressa para satisfazer o Vaticano, que acendeu e tem alimentado a «guerra» nos media, e após um (infrutífero) telefonema do cardeal Bertone a Napolitano, Maurizio Sacconi veio a público dizer que há problemas com a clínica que aceitou receber Eluana. O ministro, numa clara manobra de intimidação, enviou carabinieri à clínica «La Quiete» que reportaram supostos «problemas administrativos» que, segundo o ministro, tornam «irregular» a situação da clínica.
Numa entrevista ao El Pais, Beppino Englaro referiu-se às manobras berlusconescas para impedir a cessação da alimentação artificial que mantem vivo o invólucro do que há 17 anos foi a filha:
«Foi um golpe de teatro. tudo o que posso dizer é que a realidade por vezes ultrapassa a imaginação mais louca», acrescentando que «A Igreja (católica) não tem nada a ver com este assunto» nem lhe deveria impor os seus valores.