prós e contras, reacções para o mail, tomo 1
EXPURGAÇÕES/ DESABAFOS:
1. Reacções, hoje, no trabalho, ao «Prós & Contras» de ontem (que contra as minhas expectativas, pautou-se pela moderação e por um bom argumentário dos intervenientes a favor de um direito civil, absurdamente por adquirir):
a) Senhor A: «Andamos nós a pagar impostos para se falar de paneleiros naquele programa, durante 2 horas. Começou a campanha eleitoral».
b) Senhor B: «É absurdo o Sócrates, em tempo de crise económica, falar do casamento dos paneleirotes».
(Quanto à questão do «timing» e da credibilidade da proposta, depois de ter chumbado as do PEV e do BE, tenho críticas a fazer à decisão do PS, mas são irrelevantes neste contexto)Com este tipo de chalaças homofóbicas, muito populares e constantes, e muito mais, lido todos os dias, num ambiente supostamente urbano de pessoas maioritariamente licenciadas, sem que nenhuma me seja dirigida directamente (não cumpro o estereótipo de bissexual que os «Srs das Piadas» nunca foram questionando)...E assim se vive um tempo de repressão anacrónica, indirecta, aparentemente sem crueldade e impune. Se houver um eventual queixume ou um momento de tentativa de dismistificação equilibrada, ainda há o risco de acusação de vitimização, de nova chalaça ou de um «dizes isso só para seres diferente».
Discursos fundados na ideia abstracta de homossexualidade também dá azo a debates inférteis, contraproducentes (Sei bem que é delicada a exposição de casos reais).
a) Pena não se tornar público o facto de que já existem imensos pais bi/homossexuais divorciados e casados, via civil, com pessoas de género diferente, que educam os filhos diariamente, com os mesmos dramas e felicidades dos outros.
b) Pena não se falar de Kinsey e dos seus estudos que afirmam que a sexualidade não é um terreno linear e que falarmos em «minorias» é uma abstracção que pode não corresponder à realidade;
c) (Moralista, esta, mas sensível) Pena não se interrogar os pais defensores fundamentalistas de um único modelo de família quem estarão eles a proteger,quando nem sequer equacionam a hipótese de que os seus próprios filhos ou familiares próximos podem estar a calar em silêncio por ouvirem os pais propalarem, acerrima e intransigentemente, por vezes hipocritamente, a injustiça, contra uma ideia abstracta e o desrespeito pela diferença?
d) Pena não se dizer que nenhum cidadão vai pagar para se alterar uma lei injusta e incongruente com a Constituição Portuguesa.
e) Pena não se desenvolver o debate em torno dos números divulgados recentemente sobre os suicídios e más performances escolares de alguns jovens ostracizados em ambiente escolar e de se elencarem poucas ideias de combate à homofobia (que existe muitas vezes velada, como ontem do outro lado da barricada).