Génesis
A beginning is a very delicate time
Não sei se meto o pé direito, se avanço com o esquerdo ou se dou um pulo com os dois. Não importa, já cá estou. Assim com pouco jeito para discursos de inauguração, sobretudo quando toca a coisa já inauguradas, como é este blog. Mas pensei que fazer uma despedida era capaz de soar um pouco pior e era, definitivamente, menos adequado.
A frase que está ali em cima é a primeira que se ouve num dos meus filmes de eleição. Bem mais interessante do que a última. Daqueles que se vê uma vez quando se é adolescente e que depois se repete e que fica connosco para sempre. Este blog está no terceiro dia apenas. E se no primeiro apartou as trevas da luz e ontem separou as águas (pelo menos a ver pela torrente de posts), hoje é o dia da germinação da vegetação. É por isso que avanço de sementezinha em riste, a ver o que nasce daqui.
Quero dizer que o nome do blog não mereceu a minha concordância plena. Fiz uma última tentativa desesperada para, pelo menos, deixar um travo de ironia, por pequeno que fosse, um trocadilho, pelo menos. Posso dizer qual era a minha sugestão: "Jugular Bells". Nem pensei bem no assunto, mas associar música a blogs sempre me pareceu conveniente. E uma veiazinha torcida a pingar e a emitir sons era suficientemente bizarro para merecer o meu aplauso entusiástico. Ganhou o bom-senso. Jugular é, jugular será. Jugulemos, pois. Jugulemos nas ruas e nas calçadas, nas ruelas esconsas e nas autoestradas da informação. Jugulemos nos cinco dias, nos fins-de-semana e nos feriados. Jugulemos em coro de velhas, em madrigal ou em contraponto. Consonante ou dissonante. Eu já decidi que os meus posts não serão mudos. E se alguém alguma vez ouvir alguma campainha a tocar ao entrar neste blog, repetitiva e em crescendo até um clímax final, eu sentir-me-ei reconfortado. Grato. E vingado.


