a homofobia explicada às crianças e ao povo em geral
há pouco, na caixa de comentários deste post, numa réplica a um leitor, terminei dizendo 'confundir os que excluem com os heterossexuais é ainda ser discriminatório. percebo que custe a entender, mas nem todos os heterossexuais são o xxxxxxxx (se é heterossexual, claro)'. o próprio respondeu como quem se sente insultado. insulado, note-se, por eu, que não o conheço de nenhum lado, ter posto a hipótese de ele não ser heterossexual.
a ideia de que pôr a hipótese de alguém ser homossexual é um insulto, que tão generalizada está, infelizmente, entre nós, explica tudo sobre aquilo a que pedro lomba, no seu artigo de ontem no dn, descrevia como 'a grande aceitação e tolerância de que gozam hoje os homosexuais'. a aceitação de serem vistos como um insulto.
o que permite, é claro, que se interprete, como se deve aliás interpretar, a difusão de uma 'informação' sobre a homossexualidade de um candidato a primeiro-ministro como uma campanha 'negra', ou seja, uma campanha de ataque pessoal e de calúnia. não porque ser homossexual ou chamar a alguém homossexual seja uma calúnia, mas porque o intuito de quem difundiu a 'informação' é o de caluniar, ou seja, de capitalizar a homofobia que sente e que crê que a maioria sente.
claro que dessa história resultaram dois factores positivos, talvez não suficientemente reflectidos: o alvo da campanha não fez qualquer declaração pública para clarificar a sua orientação sexual (o que seria, naturalmente, um acto homofóbico) e ganhou as eleições com maioria absoluta. foi um belo referendo.