Outros moralismos e a defesa da pornografia
Há cerca de dois anos a Biblioteca Nacional Francesa organizou uma exposição sobre "L'enfer de la Bibliotéque", sendo que este "Inferno" é um mítico acervo de obras pouco, hum, decentes, chamemos-lhe assim (" l'Enfer de la Bibliothèque s'entend comme une légende, un fantasme, le territoire majeur de l'interdit qui alimente en retour toutes les curiosités. Mais l'écart est grand entre ce mythe et la réalité. Aussi l'ambition de l'exposition que la BnF consacre à cette part obscure de ses collections consiste-t-elle à lever le voile sur la vérité de l'Enfer. Il convient d'abord de retracer l'histoire, pleine de surprises, de la constitution de ce lieu abstrait, mental – une « cote », un numéro de classement qui le désigne à la consultation « réservée » – où sont rassemblés textes et images réputés contraires aux bonnes mœurs."). A censura pelos correios japoneses do catálogo dessa exposição suscitou, naturalmente, surpresa e fez com que o Rue89 contasse, não só essa história como uma outra, ainda mais delirante, acontecida com a polícia aduaneira inglesa no Eurostar, que confiscou os manga eróticos (que, julgo, serem de venda livre em tudo o que é país ocidental) que um viajante levava na bagagem.
Mas voltemos ao que me trouxe aqui, o fim do post da Fernanda, em que escreveu «sobretudo, não se esqueçam de sonhar com a tal da distinção certinha entre 'erotismo', a coisa boa e nobre, e 'pornografia', a coisa má e nojenta.». É o mote perfeito para voltar a trazer para aqui uma "desdiabolização" da pornografia, usando para esse efeito um manifesto anarquista sobre o tema. Normalmente cito-o quando há conversas de sexismo e se tenta passar a mensagem de que pornografia é sempre sinónimo de exploração da mulher logo deve ser proibida/censurada, mas também se adequa noutros contextos.