Good old days... my ass
Ontem à noite no twitter, enquanto se iam mandando umas bocas ao Prós e Contras e ao debate online do BE, começou-se a falar de vizinhos e da sua extrema sensibilidade.
Os queixumes surgidos tornaram-se irrelevantes quando a Joana Lopes lembrou a sua experiência de quando morava na Bélgica, num prédio em que o regulamento proibia o uso do wc depois das 22h (experiência semelhante à minha, num prédio parisiense, quando passei uns tempos na capital francesa). Muito sensatamente não se enverdou pela escatologia possível.
Como qualquer conversa que se preze os temas entrelaçam-se e das queixas da vizinhança surgiu uma afirmação do Rui Bebiano que mata qualquer suspiro sobre "The good old days" à nascença, resultado de uma pequena historieta contada por mim a propósito da &/#$%"# da minha vizinha de baixo dos tempos em que eu era menina e moça. Eram os tempos em que se batiam os trabalhos da faculdade à máquina, madrugada fora. Numa dessas ocasiões a senhora teve o topete de ir fazer queixa à minha mãe, dizendo-lhe que me tinha ouvido a fazer sapateado até às 4 da manhã. Naquele dia, exausta com o trabalho que me tinha tirado horas de sono, fiquei danada com a criatura e só me sairam da boca impropérios irrepetíveis. Adiante...Dizia eu que o Rui Bebiano relembrou que, por essa altura, escrevia textos com inúmeras notas de rodapé. Havia que calcular bem o que se iria escrever porque caso estas não coubessem na página não restava outra alternativa que não fosse... começar toda a página de novo. Um horror só suplantado pelo que nos atingia quando, depois de todo o trabalho dactilografado, encontrávamos um erro a meio dele que tinha escapado às várias revisões. Emendá-lo significaria, em muitos casos, deitar horas e horas de "sapateado" para o lixo, numa altura em que já não havia "pernas" para mais exercício. Um dia destes conto a odisseia que foi fazer um trabalho sobre Fernão Gomes e o monopólio do comércio do Golfo da Guiné, carregado de mapas, feitos à mão, que iam sendo semeados ao longo do texto. Cada engano era um tormento...