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Da "lógica" como hiper-racionalidade perversa

Os blogs e opinadores que são contra o acesso ao casamento civil por parte de casais de pessoas do mesmo sexo adoram usar o argumento de que tal mudança implicaria logicamente a permissão do casamento incestuoso e poligâmico.  Acontece que o "argumento", que apela à lógica, é bem fraco nesse plano - já para não dizer que as transformações políticas e as garantias dos direitos não decorrem exclusivamente ou sequer principalmente da lógica. O "argumento" prossegue a mesmíssima "lógica" do mais radical reaccionarismo homofóbico, o mesmo que associa a igualdade no acesso ao casamento civil ao suposto perigo do slippery slope que conduziria não só ao casamento poligâmico e incestuoso, como ao casamento com... animais (ouvi esse argumento a fundamentalistas evangélicos nos EUA e a ultramontanos da extrema-direita espanhola). A lógica - como a retórica - dão para tudo. Hitler também era, em rigor, bastante "lógico" no seu arianismo e no seu nacional-socialismo : por isso não só os judeus foram vítimas dos massacres, mas também os comunistas, os deficientes, os ciganos e os homossexuais. Não consta que "os polígamos" e "os incestuosos", essas não-categorias-identitárias-historicamente-discriminadas, existissem enquanto identidades sociais e fossem por isso encaminhados para os campos. No "argumento" não há nada de lógico nem precisa de haver - o seu único propósito é ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e não o de ser a favor de uma transformação maior do casamento.

 

P.S.: Tem sido muito citado um texto (que não linko, e assumo que isso possa ser pouco ético...) que foi certamente (e à semelhança de casos anteriores) escrito com uma motivação pessoal - um conflito grave que opõe o autor a mim próprio, logo ao meu protagonismo nesta causa.... Não se trata de me auto-conferir mais importância do que tenho; trata-se de saber, infelizmente por experiência com esta pessoa, como funcionam as mentes perversas.

2 comentários

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    Rui Herbon 21.03.2009

    Adenda:
    E o que prova o primarismo e a desonestidade intelectual (finalmente consigo usar esta) desse tipo de argumentos, é que quem os usa de forma alguma defende essas situações ou sequer a sua discussão. O seu único propósito é inquinar o debate presente, acrescentando-lhe um lastro (totalmente a despropósito) que sabem (é esse o chico-espertismo) causará muito mais anti-corpos do que o que está em cima da mesa.
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