Como argumentos aparentemente imbecis podem ter consequências positivas
O João Miranda diz que os gays têm maior propensão para o consumo que os heterossexuais porque, uma vez que não têm descendência, não olham para o futuro como as pessoas normais (leia-se: nós machos procriadores preocupados com a nossa descendência). Independentemente do mérito desta ideia (ceteris paribus ela até pode fazer algum sentido), ela pode ser utilizada como argumento a favor do direito à adopção por casais homossexuais. Sempre se lhes estabilizava o ímpeto consumista, responsabilizando-os por um futuro que eles, como malta totalmente (des)governada pelo pleasure principle que são, desvalorizam.
Ora aí está uma boa medida que permitiria incutir alguma racionalidade económica à boiolagem, com vantagens significativas para toda a humanidade (e para os próprios). Permita-se o casamento e a adopção e vão ver como essa gentinha se disciplinava, adoptando a ética protestante que está na base do progresso e na geração de riqueza capitalista. A isto se chama thinking out of the box. Agradeço ao João Miranda por este magnífico contributo (inconsciente), que simultaneamente nos ajudaria a sair da crise económica e daria um importante passo na direcção da luta contra a homofobia. Como é que o João Carlos Espada nunca pensou nesta é coisa que me ultrapassa.

