This is a pipe, Mr Hulot's pipe
Mesmo a propósito do que (muito) se discute no «Autismo dos polícias da palavra», de França chega-nos mais um exemplo de censura imposta pela brigada do politicamente correcto, que neste caso ultrapassa todos os limites, do ridículo em particular.
Numa altura em que na Cinematheque Francaise decorre um ciclo de homenagem a Tati e ao personagem que o imortalizou no imaginário francês, Monsieur Hulot, o «Jacques Tati, deux temps, trois mouvements...», a RATP, o equivalente francês da nossa Carris, decidiu censurar o cartaz que anuncia o evento, ou antes, decidiu censurar o inadmissível cachimbo que é a imagem de marca do personagem mais marcante da comédia francesa.
A curadora da exposição recusou que o cachimbo fosse apagado da imagem e sugeriu substituir o cachimbo pelo caligrama «ceci n’est pas une pipe». A proposta não foi aceite e Macha Makeieff propôs então o moinho de vento que vemos no cartaz aprovado.
O realizador Costa-Gavras, ex-presidente da Cinemateca, declarou ao «Le Parisien» o que todos pensam da coisa, «é absurda e risível. Acho que o faria [Tati] morrer de riso».
Quer o Le Monde quer o Liberation têm apontado que os censores deixaram escapar outros detalhes «perigosos» no poster de Tati: por exemplo, Tati e a criança que o acompanha na Solex não têm capacete. A velha Solex (outro ícone) viola todas as leis anti-poluição e, claro, a criança não viaja num assento de segurança aprovado. Isto para além de uma preocupante sugestão de pedofilia na postura de ambos que os dois periódicos não percebem como a Metrobus, o braço publicitário da RATP, deixou escapar...