Que dizer quando a obsessão chega a este limite? (Rui David)
"A linguagem da "caixa de pandora" e do "coitadinho" tem sido frequentemente utilizada com total despropósito neste "debate" . O "coitadinho" já desmentiu tudo o que havia a desmentir. A isso reagiu parte da opinião pública (comentadores, etc., cada um com as suas agendas próprias) dizendo que ele se estava a "vitimizar". E porquê? Porque na realidade qualquer pessoa que se veja envolvida num processo destes está encurralado, já que pela sua natureza, apenas uma investigação judicial e um julgamento permitirão esclarecer tudo "inequivocamente" e "sem margem para dúvidas". Mais ainda, enquanto decorre o processo, há uma série de pessoas que pegam nas "provas" e iniciam, na prática, o julgamento em praça pública, marcando o timing que lhes convém para queimar a pessoa em lume brando enquanto se espera que o alvo do processo se obrigue à total passividade. Já vimos isto com o Ferro Rodrigues. Sendo assim, quem pede que nessas circunstâncias "desminta inequivocamente" e "sem margem para dúvidas" o que quer que seja, ou é um total ingénuo ou hipócrita. O PM tentou dar uma resposta indirecta a esta questão, minimizando a discussão pública e processando quem considera que o caluniou. O facto de não alimentar a peixeirada serviu o argumento de que "tem uma relação difícil" com a imprensa e quanto aos processos, um sector da opinião pública (tristemente parte dela de esquerda, ou pior, há uma parte da esquerda que faz o papel de tropa de choque de idiotas úteis neste caso enquanto a direita se mantém numa relativa - e hipócrita discrição) reage como se o homem ao processar quem considera que o caluniou estivesse a atentar contra algumas liberdades, nomeadamente a de expressão... Em simultâneo, quando uma estação de TV privada processa um PM por delito de opinião, pouca dessa gente tão afecta às liberdades" e noutras circunstâncias tão aflita com o controle berlusconiano da informação por empresas privadas percebe as implicações graves, essas sim, para a liberdade de expressão. A generalidade prefere espojar-se em metáforas de mau gosto sobre "o Chefe". Que dizer quando a obsessão chega a este limite?"
Rui David (sacado desta caixa de comentários).
(e um abraço, Rui. Há quanto tempo...!)