Lobby travou controlo de instituições de crédito
Para contrariar a ideia de que o crescimento do subprime teria sido da exclusiva responsabilidade do poder político — que, contrariando as "leis" do mercado, teria "forçado" as instituições de crédito a conceder empréstimos financeiramente insustentáveis —, o Público informa-nos que lobby's financeiros gastaram 277 milhões de euros na tentativa de influenciar as decisões dos políticos americanos. O objectivo destas acções de lobbying era muito simples: garantir que a regulação não seria apertada. Pelos vistos, o tal mercado eficiente e supostamente livre gostava mesmo de conceder crédito a quem não tinha dinheiro para o pagar. Isto é um sério revés para todos aqueles que ainda insistem em salvar a narrativa liberal. Contra aqueles que — alucinadamente — ainda insistem em dizer que o subprime, e o negócio em torno deste, não se deveu a uma falha — grave — de mercado, as acções do próprio mercado estão aí para desmentir as coisa. Mas nem tudo está perdido para os liberais. Resta-lhes uma última cartada: o mercado sofreu de "falsa consciência" e não soube reconhecer os seus próprios interesses. É uma jogada arriscada e eventualmente contraditória, pois tresanda a marxismo e viola grande parte dos pressupostos liberais. Mas é a única que lhes permitiria continuar a insistir na pureza do seu credo — e não deixava de ser divertido ver os liberais a recorrer a noções marxistas como "alienação", "interesses objectivos" e coisas do género. É ver se pega. Fica a sugestão.