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jugular

A ditadura do senso comum

Bruno,

 

Para além da tua longa tentativa de desqualificar aquilo que escrevo — sugerindo que eu raramento argumento e que abuso de citações, sem outra justificação que não uma pseudo-erudição exibicionista e afectada, que pretende produzir uma ilusão de inteligência  — tu pouco ou nada dizes sobre a minha crítica ao teu post. Como grande parte da tua resposta são meros ataques ad hominem, deves achar que não é preciso perder muito tempo a discutir os meus argumentos.  Estás obviamente no teu diireito, mas isso nada nos diz sobre teres ou não razão.

 

Mudando de tema, e ao contrário do que tu dizes, eu não ignorei o conteúdo do teu post. Aliás, até me parece que discuti e critiquei o teu post de forma relativamente clara. Os meus argumentos podem não funcionar, mas nada daquilo que tu dizes permite dizer tal coisa.

Quando defendes que eu falo de coisas que nunca te passaram pela cabeça, estás na realidade a confirmar parte do que escrevi. É que o facto (certamente discutível) da tua posição pressupor, implicitamente, uma série de coisas (metafísicas e não só) não tem nada a ver com o que te passa pela cabeça. Aliás, depende mesmo de não te passar pela cabeça. Por outro lado, a afirmação de que o teu argumento é válido independentemente de questões ontológicas sobre a natureza do sujeito, do estado e da vida em sociedade, é apenas e só uma afirmação dogmática — não é um argumento. Que tu não tenhas paciência nem interesse em discutir estes temas diz certamente mais sobre a superficialidade do teu liberalismo do que estabelece o que quer que seja sobre o meu post (e sobre a minha pessoa). Mais uma vez: que para ti seja óbvio que nada do que escrevo tem qualquer tipo de relevância para o tema em discussão, mostra que não percebeste nem tentaste perceber o meu post. Mais: parece sugerir que não há nada para discutir; é tudo obvio — obviamente. A título de exemplo, tu afirmas (dogmaticamente) que é evidente que a questão do risco é meramente probabilistica. Eu refiro algumas razões por que me parece que isso é falso; ou melhor, é simplista, pois depende de um conjunto de temas não pensados. Mas para ti continua a ser óbvio estamos apenas a falar de probabilidades  e de gestão (estatística) do risco. Nem sequer discutir isto é o que te permite achares que tens, obviamente, razão. O teu problema é esse mesmo: para ti é tudo óbvio e cristalino. Fica lá com as tuas simplicidades, espero que te façam bom proveito. Quanto a clarificar o meu argumento, fa-lo-ei, se necessário, assim que tu te (pre)disponhas a discutir o que escrevi.

 

Para finalizar, o Bruno diz que eu me perco em citações desnecessárias. Mas eu fui ler o meu post, e confirma-se: não existe uma única citação. Afinal parece ser o Bruno que não lê o que os outros escrevem. Ou então é o Bruno que já me conhece tão bem que acha natural imaginar poeticamente aquilo que eu escrevo. É uma hipótese. E até é ternurento.

 

ps: na caixa de comentários do Insurgente o Bruno pergunta "E já agora, uma pergunta, se não há “indivíduo”, se não há um “Eu” isolado, como é que pode haver “Outro” com quem eu dialogue?". Eu ainda me senti tentado a responder à questão. Mas depois lembrei-me isso poderia exigir citar autores alemães obscuros, e preferi não maçar o Bruno com essas charlatanices. Aliás, bem vistas as coisas, a pergunta do Bruno não é bem uma pergunta — o seu senso comum já é uma resposta. Ou melhor, já é uma certeza dogmática, uma vez que é incapaz de fazer perguntas.

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