numa série de três textos no blogue sound and vision, joão lopes interroga, a pretexto do caso moura guedes, o jornalismo televisivo. amanhã volto ao assunto. mas, para já, leiam o joão: 1, 2, 3.
A imprensa vive a crise de indefinição que vivem praticamente todas as outras actividades. O facto de o jornal da TVI se ter tornado subitamente uma espécie de paradigma de horror jornalístico, é fortemente correlacionado com a seu perfil de oposição ao governo [abstenho-me de considerar os anticorpos que podem ser induzidos no cidadão comum por uma mulher de nariz empinado que não tem nada ar de pacata e submissa dona de casa].
O pior que pode acontecer a quem quer entender o que é bom ou mau jornalismo, ou a quem quer explicar aos outros o que é bom ou mau jornalismo, é pretender à viva força ignorar isto mesmo. Parece-me que os argumentos que podem surgir de tal presunção estão condenados a ter um prazo de validade muito curto.
Manuela Moura Guedes colocou, deliberadamente ou não, todo o país a falar dela. Não quero significar que isso seja bom, muito menos admitir que seja mau.
Surpreende-me, de alguma maneira, que, agora, apareçam, em catadupa, os paladinos do bom jornalismo, os inspectores da seriedade no jornalismo televisivo, os psicólogos da personalidade de Moura Guedes, a hilariante ERC, o Director de Informação da insuspeita RTP, todos, numa espécie de malhação sincronizada, a zurzir na jornalista da TVI.
Parece que "aquela parte" do país acordou para as maledicências do Jornal Nacional e, pasme-se, parece querer identificá-lo como um fenómeno novo, nunca, porventura, visto em Portugal: o mau jornalismo!
Aparecem os novos “fazedores de opinião”, do alto dos seus blogues, com requintados textos sobre a desgraça nacional de termos, por cá, Manuela Moura Guedes. Claro que, no dia seguinte, já ninguém se lembra desses elaboradíssimos textos nem dos seus autores e toda a gente continua a lembrar-se da jornalista.
É pena que os guardiães da qualidade do jornalismo que se produz em Portugal, não tenham uma postura de vigilância semelhante, em relação a outros canais de televisão, muito particularmente em relação à estação pública de televisão que, não raramente, respira e transpira subserviência governativa – concordo, plenamente, com Moura Guedes quando diz que José Alberto Carvalho, na entrevista de José Sócrates, na RTP1, estava lá só para sorrir e abanar a cabeça -.
Só que nem todos gostam de abanar a cabeça, muito menos com todo aquele encanto e submissão e, por isso mesmo, andam, por aí, uns castos interessados em ensinar aquele cabecear, só que, parece, Manuela Moura Guedes não está pelos ajustes!
convinha não confundir as suas distrações com a realidade. joão lopes escreve há muito muito tempo sobre estas questões e na verdade eses seus textos repetem preocupações e temas que qualquer se leitor reconhece. se o francisco gonçalves nunca deu em pensar no jornalismo e na televisão, é lá consigo. decretar que o mesmo se passa com toda a gente é um bocadinho too much de pretensão.
por acaso também nunca pensei sobre jornalismo e tv mas como há sempre uma primeira vez e hoje à noite tenho tempo vou meditar no assunto. se lá pelas suas bandas ouvir o barulho de um motor de rega a trabalhar é o parente a pensar.
Também o Rui Santos escreve, há muito tempo, sobre futebol…
Ainda assim, parabéns, então, ao tal João Lopes. Que Deus lhe dê muito discernimento, por muito anos e lhe dê, também, a capacidade de não reduzir a sua percepção aos interesses dos diferentes jornalistas que por aí laboram.
A Fernanda Câncio tem razão quando diz que nunca me dei em pensar em jornalismo e televisão. As minhas preocupações são muito mais comezinhas. São assim uma espécie de “que raio se passa com esta gente para embirrar só com a Manuela Moura Guedes?”.
engraçado, os três posts q linquei contradizem cabalmente a sua conclusão e a inferência de que parte (mas não parte sempre?). se calhar não se deu ao trabalho de os ler (hipótese benigna).
Pois não, não os tinha lido... E, depois da leitura, fiquei com a sinistra sensação de que os jornalistas são tão estúpidos que nunca tiveram a mais básica lembrança de perguntar, a quem de direito, pelos 650 milhões dos estádios deste país. Temo que o mesmo se passe em relação ao TGV, mas aí serão milhares de milhões!
Por via das dúvidas e para favorecer as conclusões do tal João Lopes, vamos deixar em paz a Manuela Moura Guedes e "bora" todos a marrar com o José Alberto Carvalho e o seu aquiescente cabecear!
"É pena que os guardiães da qualidade do jornalismo que se produz em Portugal, não tenham uma postura de vigilância semelhante, em relação a outros canais de televisão, muito particularmente em relação à estação pública de televisão que, não raramente, respira e transpira subserviência governativa – concordo, plenamente, com Moura Guedes quando diz que José Alberto Carvalho, na entrevista de José Sócrates, na RTP1, estava lá só para sorrir e abanar a cabeça -."-Francisco Gonçalves
Acho que a RTP pode realmente parecer que respira subserviência, tal como este meu comentário lhe é submisso Francisco.
Agora, a RTP Não Transpira subserviência.
É a mesma coisa que eu lhe dizer, a si Francisco, que todo o trabalho de toda a sua vida não passou de um frete. Não lhe parece francisco?