O regresso de Tony Blair
Para Tony Blair, «a minha fé foi sempre uma parte importante das minhas políticas», embora os seus assessores, um «bando de ateístas» como se queixou a Peter Stothard, não o tenham deixado revelar a influência divina das suas decisões políticas, por exemplo e tal como G.W. Bush, na guerra do Iraque
Mas agora, com os Trabalhistas devidamente «arrumados», o ensino do criacionismo e a segregação religiosa de vento em popa nas escolas britânicas, Blair resolveu devotar-se a espalhar a maleita através daTony Blair Faith Foundation.
A iniciativa mereceu várias respostas que valem a pena ler, em particular a de Keith Porteous Wood da National Secular Society : «O senhor Blair sózinho conseguiu fazer mais do que qualquer outra pessoa na promoção da segregação religiosa neste país, encorajando a proliferação de escolas confessionais separatistas. Agora pretende que as crianças de todas as escolas enfatizem as suas diferenças em vez daquilo que partilham».
Wood disse ainda que esta constante divisão das crianças pela sua religião (ou antes, dos seus pais, já que vários estudos indicam que muito poucas crianças - em Inglaterra pelo menos - se consideram religiosas), não quebra barreiras, bem pelo contrário cria barreiras entre elas.
A revista New Statesman organizou um dossier especial sobre a coisa, «Deus 2009», que vale igualmente a pena ler, nomeadamente as respostas de Richard Dawkins e Christopher Hitchens. Christopher Hitchens considera que, já que Blair se preocupa tanto com crianças, faria melhor em dedicar os muitos milhões de libras da sua fundação «a combater a mutilação genital das crianças de ambos os sexos; combater os casamentos entre menores de idade; fazer campanha pela contracepção; apelar a um édito islâmico contra os ataques suicida; apelar a uma decisão rabínica contra o roubo de terra não judaica». Acho que não o diria melhor.