American Taliban, with Christian frosting - II
One of the great tragedies of mankind is that morality has been hijacked by religion. Arthur C. Clarke
Ontem teve lugar no National Press Room a segunda conferência de imprensa em 15 dias de Randall Terry, o activista anti-aborto que fundou e dirigiu a Operation Rescue, a tal que se define como «Operation Rescue/Operation Save America unashamedly takes up the cause of preborn children in the name of Jesus Christ. We employ only biblical principles. The Bible is our foundation; the Cross of Christ is our strategy; (...) abortion is preeminently a Gospel issue. The Cross of Christ is the only solution.»
Se em relação ao assassinato de Tiller - que considerou que apenas «colheu o que semeou» e ser uma pena não ter sido «devidamente executado» -, a mensagem de Terry aos alucinados do movimento anti-aborto já foi bem explícita, «We must not flinch. We must not retreat a single inch» em relação à nossa (dos anti-aborto) retórica e acções (que pela conversa incluem o assassinato de Tiller), confirma todos os avisos do relatório do Departamento de Segurança Interna com o que debitou nesta segunda conferência.
Na linha de outro defensor (?) intransigente da vida, Bob Enyart do movimento Right To Life, que afirmou que se «deve esperar que a violência [em que esta violência é não criminalizar o aborto e executar os médicos que o praticam] gere violência [estoutra violência, legítima, é a resposta anti-aborto]», o apelo à violência debitado por Terry explica porque alguns consideram que o movimento dito pró-vida é na realidade pró-assassínio de quem não pense como eles ou que «a principal diferença entre o movimento anti-aborto americano e os talibans é cerca de 8000 milhas».
De facto, em resposta a Dave Weigel do The Washington Independent acerca da correlação entre extremismo de extrema-direira e administrações democratas, Terry respondeu com um misquote de JFK «Quando se torna o protesto pacífico impossível, torna-se inevitável o protesto violento» acrescentando que «posso garantir-vos que há um desprezo visceral da comunidade anti-aborto por esta administração».
Assim, a conferência de imprensa foi devotada a explicar porque é inevitável a violência contra esta administração, uma violência que, sem se aperceber do rídiculo da analogia, Terry afirmou ser igualzinha à do movimento anti-esclavagista. Terry reinvidica para os anti-aborto a herança ética de Nat Turner, o escravo que deu início a uma rebelião que causou pânico nos esclavagistas do cinturão bíblico. O assassinato de Tiller seria, para Terry, igual na motivação às cerca de 60 mortes de esclavagistas ocorridas na Insurreição de Southampton, o tipo de violência que se torna inevitável quando existe «injustiça» (?) sistémica, ou seja, quando a sociedade rejeita ser regida pelos mesmos «princípios» bíblicos que Terry.
Assim, Terry voltou a dirigir-se aos fanáticos anti-aborto apelando a uma intensificação da sua «luta»:
«At this moment in time the abolitionists did not blink. They did not blink. They said, “Slavery is kidnapping. It is a crime against God and man.” They said, “It is an abomination.” They said the slave owners were kidnappers and man-stealers. They railed against the slave power. They railed against the politicians of the deep south and in the U.S. Congress that sustained slavery. They did not flinch. And if we in the pro-life movement are going to prevail, we have got to take the lesson of the abolitionists.»
Fico na dúvida se a lição que Terry pretende que os anti-aborto tirem dos abolicionistas é uma guerra civil...
O audio da conferência de imprensa para quem quiser ter o desprazer de ouvir o discurso de ódio de Terry.