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Delenda Tabaco ou esta gente passa-se big time

Em Inglaterra, uma associação de censores moralistas anti-tabaco com tiques de autoritarismo exige disposições legais para banir o fumo dentro dos carros particulares. Não apenas uma proibição parcial para carros que transportem crianças, mas uma proibição total supostamente devido ao perigo que fumar ao volante  constitui. Na realidade, há quem considere que conduzir a fumar corresponde a «condução perigosa»!

 

Já ouvi inúmeras objecções cretinas ao fumo do tabaco, que «cheira mal» e afins, mas nunca ouvi nada tão ridículo como esta afirmação de que o fumo do tabaco é prejudicial para a visibilidade de um condutor. Acho incrível que, tal como me disseram repetidamente que o mau cheiro do tabaco «devia ser objecção suficiente» para que se proiba o fumo, haja quem considere que estas lucubrações imbecis são suficientes para chatear os fumadores. Concordo totalmente que os não fumadores não devem ser involuntariamente expostos às substâncias nocivas exaladas por outrem mas é a sua saúde que deve ser protegida não as suas sensibilidades olfactivas ou preconceituosas. E este pedido de legislação não passa de uma tentativa de impingir aos restantes os preconceitos de quem a propõe.

 

Pretender que a segurança nas estradas passa por proibir fumar dentro dos automóveis é análogo à justificação dada no ano passado para a imposição da  proibição de fumar nas praias do Hawai, neste caso com o pretexto de controle da poluição e defesa da fauna marinha local. De facto, ao largo das ilhas flutua uma mancha de lixo plástico cerca de duas vezes maior que os EUA (continental), essa sim responsável pela morte de cerca de 1 milhão de aves marinhas por ano (vídeo não recomendado aos mais sensíveis), assim como de umas centenas de milhares de mamíferos marinhos.

Parece assim que os legisladores hawaianos consideram irrelevantes os estimados 100 milhões de toneladas de detritos plásticos que as correntes acumulam no North Pacific Gyre, entre o Hawai e o Japão - ou, apenas nas imediações das ilhas do Hawai, uma «sopa» de plástico com cerca de 10 metros de profundidade que se estende por uma área de dimensões superiores ao Texas. Para estes emuladores modernos de Catão, o grande perigo para os ecossistemas da zona são as 2000 beatas* apanhadas na praia por zelosos moralistas! Um perigo tão grande que uma multa aos prevaricadores que conspurcam o espaço público não é suficiente!

 

É tão profundamente rídiculo alegar que a proibição de fumar dentro do carro irá aumentar a segurança rodoviária como afirmar que a proibição de fumar na praia vai salvar os oceanos ou a vida marinha ameaçada, especialmente quando se considera que nenhuma medida está a ser tomada em relação às incontáveis toneladas de lixo que poluem os cursos de água do nosso planeta!

*Como é óbvio, embora o acetato de celulose dos filtros dos cigarros seja um biopolímero biodegradável (contrariamente ao que pretendem alguns, não persiste por séculos ...), as beatas não deveriam ser descartadas no meio ambiente, seja na rua ou na areia da praia. Os dejectos de animais de estimação que decoram as ruas de Lisboa degradam-se muito mais rapidamente que o acetato de celulose e, com excepção dos donos dos ditos animais, penso que concordamos todos que não devia ser aí o seu lugar.


PS: Obrigado (Maria) João pela dica twittada.

4 comentários

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    Palmira F. Silva 17.06.2009

    Nomeadamente em restaurantes, quando ainda estamos a comer, e temos de apanhar com o fumo do cigarro do vizinho do lado.
    sério? e a ASAE sabe? onde ficam esses restaurantes?

    peço desculpa, mas depois desta o restante tem credibilidade análoga ...
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    Joana Almeida 17.06.2009

    Credibilidade análoga terá quem acha que tem o direito de fumar quando e onde lhe apetecer e que quem estiver mal que se mude.

    Sim, sim. Quando se podia fumar livremente em restaurantes, essa não é uma questão que se punha? Quantos não eram os fumadores que puxavam do seu cigarro lixando-se, literalmente, com o bem estar alheio? E ai de quem dissesse alguma coisa, era logo a besta anti-tabaco com a mania que era mau.

    Hoje em dia, não há vez que não jante fora em que não haja um parvalhão que decida chatear-nos o jantar com um discurso do género "eu fumo onde quiser e a Polícia que me prenda" ou, então, somos importunados - permanentemente - pelos empregados que vêm só fazer a perguntinha: "os senhores da mesa do lado gostariam de fumar (já de cinzeiro em cima da mesa e cigarro aceso), visto a porta já estar fechada e, claro está, se os senhores não se importarem...". Ser sempre a filha da mãe da desmancha prazeres que tem que dizer que sim, que se importa, é uma posição deveras irritante. Custa alguma coisa levantar o rabo da cadeira e ir fumar o cigarro para a rua?
    Ou então ir só a restaurantes onde seja permitido fumar. Nesses não me queixo.

    Agora dizer que essa afirmação dá ao meu discurso uma credibilidade análoga, convenhamos...

    Sempre essa ironia e agressividade de quem tem sempre a razão (e de quem sabe tudo de tudo) inerente à forma como colocam as questões!
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    Luís Lavoura 17.06.2009

    Joana,

    eu diria que, se têm o cuidado de lhe perguntar antecipadamente se podem fumar e se, uma vez você tendo respondido que não, eles não fumam, então você não tem nada de que se queixar.

    Eu também não suporto fumadores intrometidos mas, se os fumadores são delicados e nos perguntam se podem fumar, e se acatam a nossa não-autorização, então tudo bem.
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