O discurso do presidente iraniano na Assembleia-Geral das Nações Unidas já foi analisado à lupa um pouco por todo o mundo. Mas as atenções voltaram-se para as fantásticas alegações de Mahmoud Ahmadinejad sobre os atentados do 11 de Setembro, que acredita não passarem de uma conspiração americana para relançar a economia dos EUA.
No entanto, as palavras introdutórias do discurso (aqui traduzidas pela missão permanente do Irão na ONU) são talvez um bocadinho mais preocupantes porque confirmam a obsessão de Ahmadinejad com o 12º iman e com a necessidade de acelerar a sua chegada. Em particular se relembrarmos que em finais do ano passado Ahmadinejad afirmou ter «provas documentais» de que os Estados Unidos estão a «bloquear» o retorno do Messias islâmico. «They have devised all these plans to prevent the coming of the Hidden Imam because they know that the Iranian nation is the one that will prepare the grounds for his coming and will be the supporters of his rule» afirmou.
Não sei se o Ministério da Virtude iraniano foi formalmente instituído mas a Oriflame já sentiu a sua acção. Querendo certamente cortar pela raiz a causa da actividade sísmica na região, abalada na noite de sexta por mais um terramoto, o regime dos ayatollahs resolveu suspender a actividade da firma sueca de venda directa de cosméticos, que tinha no Irão o mercado mais florescente do oriente: cerca de 20% das vendas na Ásia. Como sempre, o que passa por justiça neste país tem-se entretido na última semana a fabricar acusações para justificar a sentença. Primeiro, tentaram acusar a Oriflame de vender os seus produtos através de um esquema fraudulento. Como a acusação não pegou, depois de prender por espionagem 5 dos seus funcionários, ontem o ministro iraniano das secretas afirmou, usando o mausoléu de Khomeini como pano de fundo, que a Oriflame é uma ameaça à segurança do país:
Em Maio escrevi um post em que me indignava com a eleição do Irão para a comissão de promoção dos direitos das mulheres na ONU. Hoje, é ainda mais incompreensível a manutenção do Irão neste cargo.
Há exactamente 1 ano, a 15 de Junho de 2009, o mundo viu uma onda verde que alastrava no Irão em consequência das fraudulentas eleições de 12 de Junho. Hoje, o dia é recordado com amargura pela brutal reacção do regime islâmico contra o seu próprio povo, por exemplo pelo correspondente da Newsweek detido e torturado na infame prisão de Evin, durante quase 4 meses, desde 21 de Junho. Maziar Bahari conta finalmente a sua história no mesmo dia em que o Guardian apresenta o resultado de dois meses de investigação junto a elementos da Guarda Revolucionária e o Washington Post especula sobre o que poderia ter acontecido se Obama tivesse apoiado a onda verde.
O realizador iraniano Jafar Panahi foi presona noite de segunda-feira no Irão. O cineasta foi surpreendido em casa por polícias à paisana que prenderam igualmente a mulher, a filha e 15 convidados da família. Panahi, que apoia abertamente a oposição ao regime, continua detido em parte incerta embora a mulher e a filha já tenham sido libertadas. Segundo as autoridades iranianas, o motivo da detenção de Panahi são supostos «crimes» não identificados. Não foram dados detalhes sobre a prisão de Panahi, mas o procurador de Teerão afirmou que o caso estava a ser investigado.«A prisão de Jafar Panahi não está relacionada com a sua profissão e não tem um aspecto político», foram as declarações, em que penso ninguém acreditar, de Dowlatabadi.
Jafar Pahani é um dos cineastas da nova vaga iraniana mais conhecido no estrangeiro. Foi premiado nos festivais de Cannes e de Berlim, tendo sido galardoado, em 2000, com o Leão de Ouro com o filme “O Círculo” e com o Urso de Prata em 2006 com "Offside" . O primeiro é um quadro da condição feminina no Irão pintado através da história de sete mulheres ligadas por um círculo de repressão e, como a quase totalidade da sua obra, foi censurado pelas autoridades iranianas. Vamos esperar para ver se Pahani vai ser mais uma vítima da brutalidade do regime iraniano.
A ordem aos Pasdaran Revolutionary Guard Corps foi dada no passado domingo.
(Imagem do The Times of London que nomeou Neda Soltan a pessoa do ano. Podem ir a esta página da CNN para votar nas Eleições Iranianas como história do ano.)
In fact, in the Constitutional Revolution of 1905-1911, one of the complaints of the crowd was that the Qajar monarchy had had sayyids beaten. So if beating a scion of the House of the Prophet can help spark a revolution, what about shooting one? And, oppositional film maker Mohsen Makhmalbaf maintains that Mousavi was killed by a death squad that came for him in a van rather than just falling victim to random police fire.
Killing a sayyid is a blot on any Iranian government. Doing so on Ashura, the day of morning for the martyred grandson of the Prophet, Imam Husayn, borders on insanity.
Como escrevi em Junho, quando toda a história sangrenta começou, considero que o que se passa no Irão não é apenas a contestação dos resultados de uma eleição controversa ou de um presidente odiado, é a contestação de um regime. E a face desse regime é o Líder Supremo, Ali Khamenei, cujos dias, como também escrevi então, estão muito provavelmente contados.