Ceuta
Sobre os 600 anos da conquista de Ceuta muito se escreveu e continua a escrever. Do que tenho lido por aí, fica-me a ideia de que continuamos à procura do Santo Graal e de razões misteriosas para o feito de armas, a ver gigantes em moinhos de vento e armados em D. Quixote quando fazemos figuras de Sancho Pança. A página do Facebook da Associação de Professores de História até se permite colocar links de textos com fases como esta: "ninguém sabe, porque é que deu a D. João I para ir para ali e não para outro qualquer local". Também li extrapolações anacrónicas sobre a ligação entre a tomada de Ceuta e os "Descobrimentos", uma espécie de antevisão do Império, o "apelo do mar" (o autor de um recente livro sobre o assunto diz, em entrevista ao DN, que "Ceuta deu o primeiro sinal de que seria no mar que Portugal encontraria alternativas", etc.). Equívocos e wishful thinking, muito bitaite e pouco conhecimento das fontes e dos contextos históricos.
Não sou especialista nesta questão, mas escrevi há uns tempos um textozinho sobre o assunto. E como sou demasiado preguiçoso para estar a escrever tudo outra vez, fica aqui para quem quiser. ("porque foi conquistada Ceuta?", 100 perguntas sobre Factos, Dúvidas e Curiosidades dos Descobrimentos, pp. 26-29 e 2 notas).