Discutir taxas de suicídio (parte II)
Na sequência do meu último post partilho uma reflexão: discutir taxas de suicídio em Portugal com os registos que existem? Pois, deve ser.
O rácio Mortes violentas por causa indeterminada/Mortes por suicídio (r IND/S) é um indicador importante da fiabilidade das taxas de suicídio apresentadas em qualquer país ou local. Discutia eu isto ali no mail e vá de receber a seguinte Informação (segura):
"Mesmo em 2002, quando todos os registos foram revistos um por um pela DGS, para 1220 suicídios houve 200 mortes por causa indeterminada, um rácio absolutamente obsceno de IND/S=0,16. Na maioria dos anos o r IND/S é próximo ou superior a 1.
Ana, nos outros países europeus é inferior a 0,05, à exceção do Reino Unido que tem um sistema de coroner que valida a probable doubt.
Em 2014, já com o SICO* completamente implementado, houve 1215 suicídios para 800 mortes indeterminadas, um r IND/S=0,65. Para que serve o SICO sem uma lei decente e um empenho dos clínicos e da OM para que os certificados de óbito sejam bem preenchidos?"
Deixem-me também dizer-vos que o Baixo Alentejo é das zonas do país com um dos r IND/S mais baixos (não tenho números certos aqui comigo). Não estou a afirmar que com registos bem feitos aquela zona deixaria de ocupar o primeiro lugar da lista, não sei e muito provavelmente não, mas existiriam muitas variáveis assumidas como importantes fatores desencadeantes - e não causais como habitual e erradamente são referidos - que deixariam de fazer sentido, ai disso não tenho qualquer dúvida. E que uma hipótese a considerar, ou pelo menos a testar, seja a de que a religiosidade, em paralelo com os seguros, contribua de modo significativo para o incorreto preenchimento do certificado de óbito também não.
*Sistema de Informação dos Certificados de Óbito