limpidez laranja
Teresa Leal Coelho e Luís Montenegro discutiram. Aquela terá dito que "passou a imagem de que o PSD recorreu a expedientes dilatórios para travar um projecto de lei do PS sobre a co-adopção", ao que este terá defendido que, "se o PSD desistir do referendo, vai dar razão aos que acusam o partido de utilizar manobras dilatórias para travar o projecto de lei do PS". Portanto, tudo se resume a não dar razão ao PS. Logo, nem pensar em desistir do referendo. Presume-se que foi para isso que o partido elaborou uma proposta. Mas esta é inconstitucional. Faça-se outra? Reformular as tais perguntas? Isso poderia ser feito nos "próximos dias", "mas o Presidente da República deverá marcar eleições europeias «nas próximas duas ou três semanas»". Deixe-se portanto tudo como está. Ou seja, em sítio nenhum. Depois das europeias, não faltarão novos pretextos para adiar. Mas e se o PS avançar para a votação em plenário? Ah aí, Montenegro "espera que não seja essa a posição dos socialistas e recorre a uma declaração do líder da bancada quando disse, há uma semana, que o assunto «não era prioritário»". Estratégia? Garantir "a compatibilização entre a dificuldade legal e a não prioridade do assunto". É tudo muito claro. Podia ser "a incompatibilização entre a facilidade legal e a prioridade do assunto", mas assim fica melhor. E se não resultar? Bom, nesse caso, "«os deputados do PSD assumirão as suas responsabilidades e farão a votação»", e "será dada liberdade de voto". Espera aí, espera aí, mas quando a dita foi concedida, a coisa não correu mal? e não foi para garantir que iria, digamos, correr bem, que foi recusada, na memorável sessão da votação do referendo? Quando Teresa Leal Coelho se demitiu de vice-presidente da bancada? Na tal disciplina de voto que foi imposta mas que ninguém sabe quem a ordenou? Aguardam-se os próximos desenvolvimentos, interessantíssimos para a história parlamentar portuguesa, da novela. Quanto aos pais, às mães e às crianças afetadas por este bric-a-brac, que esperem, façam apostas, tenham paciência. Talvez se fartem, desistam, emigrem, desapareçam. Que se lixem.