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O que explica o milagre do emprego é....o emprego público

Emprego liquido criado entre o 3T2013 e 4T2013: 7,9 mil (de 4.553,6 para 4.561,5 milhões)

Emprego líquido criado na "Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória" no mesmo período: 9,1 mil (de 296,9 para 306 mil)

Emprego liquido criado entre o 4T2012 e 4T2013: 29,8 mil (de 4.531,8 para 4.561,6 milhões)

Emprego líquido criado na "Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória" no mesmo período: 24,7 mil (de 281,3 para 306 mil)

O "milagre" da criação de emprego é quase totalmente explicado pela criação de emprego público.

[Dados da publicação Estatísticas do Emprego do INE: página 22, quadro 6]

16 comentários

Carlos G. Pinto 13.02.2014

Portanto, em 2013 graças ao Tribunal Constitucional, aumentaram-se os salários da Função Pública, pela devolução dos subsídios. Também aumentou o emprego público, segundo as conclusões deste post. Mesmo assim, o PIB real caiu e não foi criado emprego na economia privada. Isso não contradiz a solução do Partidpo Socialista de que mais despesa estimularia a economia?
Hugo Mendes 13.02.2014

O Carlos sabe que todos os indicadores económicos vão ser menos maus do que o esperado no início de 2013 (não preciso listá-los aqui), e - se me permite alinhar na sua ironia - também sabe o que são políticas contra-cíclicas (deliberadas ou involuntárias, que foi o que resultou da decisao do TC).
Já agora, o emprego público não aumentou "segundo as conclusões deste post". Isto não é uma conclusão, é um facto que consta do relatório do INE. A conclusão é que, sem o emprego público, praticamente não houve criação de emprego no setor privado em 2013 (e estou a excluir áreas como a de "Atividades da saúde humana e apoio social", onde sabemos ser tudo ou quase tudo apoio ou público, ou financiado por dinheiros públicos, como nas IPSS - só aqui o emprego cresceu 20 mil em termos homólogos). Se o Carlos tiver uma conclusão alternativa, sou todo ouvidos.
Mas se tiver uma conclusão alternativa,
Carlos G. Pinto 13.02.2014

A questão aqui é: a economia privada não deveria ter beneficiado destas políticas anti-cíclicas? Porque é que o emprego e o produto só aumentaram na sua componente pública?

Havendo um aumento significativo de despesa pública e de emprego na FP de 2012 para 2013, o efeito multiplicador não se deveria ter alastrado à economia privada?
Hugo Mendes 13.02.2014

Confesso que não consigo perceber a sua pergunta. Se se esperava, em março passado (na 7ª avaliação do PAEF), que o PIB caisse 2,3% e o desemprego subisse para os 18,2% em 2013, e se agora percebemos que o PIB deve cair só 1,5% (segundo o BdP) e o desemprego ficou nos 16,3%, como pode afirmar que a situação não melhorou? Houve mais consumo público e mais consumo privado do que o esperado (isto é, caíram menos). Claro que se o efeito multiplicador se alastrou à economia privada, que se comportou melhor do que o que se previa.
Hugo Mendes 13.02.2014

Por outro lado, a sua pergunta só faria sentido se o comportamento da economia fosse totalmente determinado pela despesa pública. Tirando a Coreia do Norte, não vejo onde isso possa acontecer. Boa parte da queda da economia é explicada pela procura de redução do endividamento privado (das famílias e das empresas); e o peso deste endividamento vai continuar a pesar sobre a economia e a dificultar a retoma no futuro. A despesa pública pode amplificar o efeito recessivo que um processo de desalavancagem produz; ou pode tentar reduzi-lo, tornando menos destrutivo, mas não pode anulá-lo totalmente.
Carlos G. Pinto 13.02.2014

Era precisamente desta explicação que estava à procura. A verdade é que vai havendo o discurso de que as quedas do PIB se devem inteiramente às políticas de austeridade e que sem austeridade a economia já estaria a crescer. A verdade é que não houve austeridade em 2013 (em relação a 2012) e a economia não cresceu, ou seja, com mais despesa pública em 2013 do que em 2012, o PIB foi mais baixo. concorda então que a queda do PIB em 2013 não se deve à actuação do governo?
Hugo Mendes 13.02.2014

O "vai havendo o discurso" é um forma fácil de construir inimigo imaginário. Em 2013 a austeridade (arranje outra palavra se qusier, que eu também estou farto desta) foi sobretudo lado da receita, que aliás se mostrou ser muito menos recessiva que a austeridade do lado da despesa de 2012 (confirmando os estudos sobre o efeito recessivo dos multiplicadores). Se as medidas de consolidação do lado da receita tivessem sido menos violentas (o Carlos quer mesmo dizer que não houve austeridade em 2013?), o PIB teria caído ainda menos. É, por isso, óbvio, que a política orçamental de 2013 teve um impacto negativo sobre o PIB. Se acha que não, então o Carlos teria de aceitar que um aumento de 30% na receita com IRS não tem impacto negativo na economia. Quer ir por aí?
O essencial aqui é o que o Estado decide fazer perante o ciclo económico: agravar a recessão ou travá-la (ou invertê-la) na medida do possível.
makarana 14.02.2014

Então porque se a austeridade é tão má,porque é que há governos socialista implementarem-na,como o do PSD na Alemanha,e Hollande em França? Porque é que o governo socialista de Sócrates implementou-a,se menos austeridade é mais pib? Porque é que a Grécia faliu sem austeridade? Com "menos austeridade" em 2009 e 2010,o défice ficou á beira dos 10%.E não me venha com a habitual explicação do Eurostat não obrigar as empresas publicas a fazerem parte do perímetro do défice,que isso parece mais a explicação do dono da casa permitir que o dono da casa deixe a janela aberta para o bandido entrar

Mike 13.02.2014

Seria bom que fizesse uma revisão dos seus processos de raciocíneo nesta matéria. Parece-me que há por aì um facciosismo barato a toldar-lhe o raciocíneo lógico.
Só para lhe dar alguns exemplos e porque isto nem merece o tempo consumido:
Comparação 3T2013 - 4T2013
Emprego líquido criado no setor construção 9,2 mil; setor Comércio grosso e a retalho 29,3 mil; Atividades de informação e comunicações 9,4 mil; Educação 30,8 mil

Enfim, é por demais evidente que a conclusão a que chegou, e que dá título ao seu post, está errada.
Hugo Mendes 13.02.2014

Acho que percebe bem o que eu quero dizer, mas se quiser eu explico. O "milagre do emprego" de que o governo fala é da criação líquida de emprego, naturalmente. E se vários setores criaram emprego líquido ao longo de 2013, a narrativa dominante é que o emprego (líquido) foi criado no setor privado. Ora, entre o 3T e 4T o emprego privado caiu, e entre o 4T2012 e o 4T2013 cresceu residualmente - e nem vou atrás de áreas como a "Atividades da saúde humana e apoio social", onde o emprego criado é quase tudo ou emprego público, ou financiado por dinheiros públicos, como nas IPSS; se considerássemos isto, concluiríamos que nao houve criação de emprego privado em 2013.
Ou seja, se excluirmos o setor público da criação líquida de emprego, não há nenhum milagre. Quem quiser continar a falar de milagre, então não pode esquecer a contribuição fundamental do emprego público.
Mike 13.02.2014

Percebo perfeitamente o que quer dizer e, até, onde quer chegar.
O método de comparação, ou os dados que utiliza para procurar fundamentar, são absolutamente errados.
Se consubstanciar a sua tese meramente no emprego líquido, num determinado período, chegará à conclusão que há setores que cresceram mais que a administração pública. Ora isto não chega e induz em erro. Terá que cruzar estes dados com o impacto que cada um dos setores tem no mercado de trabalho, i.e., um crecimento líquido de 1000 empregos no setor atividades de informação e comunicações tem maior impacto que o mesmo crescimento líquido no setor do comércio.
Depois há a questão da comparação entre crescimento do emprego privado e crescimento do emprego público. A abordagem a cada um destes crescimentos tem que ser distinta e assenta muito numa lógica de causa-efeito. É lógico, a meu ver, que, perante uma situação de rotura, se criem primeiro as condições para aumentar o emprego público (até porque aí a estefra de decisão dos administradores públicos é obviamente maior) porque essa é provavelmente a única forma de fazer disparar o consumo interno e, como é consabido, um dos efeitos será o desenvolvimento do setor privado e terá como consequência o aumento do emprego líquido neste setor.
Hugo Mendes 13.02.2014

A sua análise setorial é muito interessante e nem sequer discordo da relação causa-efeito que faz entre emprego público e emprego privado. Simplesmente, o meu ponto é outro e mantém-se, independentemente do que quiser argumentar: ao contrário do que se tem dito, o crescimento do emprego não se deve à capacidade da extraordinária criação líquida do setor privado, porque (a) sem a contribuição da categoria O (Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória) o crescimento do empego total teria sido negativo na variação em cadeia, (b) teria sido marginal na variação homóloga (cerca de 5 mil empegos), e (c) se excluirmos, para além da categoria O, também a categoria Q (Atividades da saúde humana e apoio social) - onde o emprego publico ou para-público é predominante -, então a economia teria perdido 15 mil empregos em variação homóloga e 18 mil empregos em cadeia).
Mike 13.02.2014

De igual forma, o crescimento total também seria negativo se, neste estágio, não considerássemos a contribuição das categorias do setor privado. E isso contraria o título do seu post.
O meu ponto é que se trata de processo natural. Eu, como é fácil de perceber, comungo das expetativas optimistas relativamente ao crescimento e acredito que a curto/médio prazo o emprego no setor privado vai disparar, enquanto que o do setor público tenderá a estabilizar.

Tomas 13.02.2014

Parabéns Hugo, serias um perfeito candidato para ministro da propaganda se o Saddam ainda tivesse no poder.

Primeiro decides atribuir o crescimento de emprego apenas ao estado, porque houve uma área do estado que teve crescimento de emprego liquido. É o chamado "cherry picking". Nessa lógica o sector de Comércio é ainda mais o responsável pelo crescimento porque teve um crescimento de emprego liquido no 4º trimestre maior que o da administração pública.

Depois vem o comentário em jeito de resposta de "A conclusão é que, sem o emprego público, praticamente não houve criação de emprego no setor privado em 2013". Agora é o crescimento de emprego no estado que é a fonte de crescimento de emprego no privado. Se me puderes dizer a quem no estado posso agradecer o meu emprego no privado avisa.

Tenho mais 2 títulos para ti caro génio, só tens de ir lá buscar os números que são melhores ainda!:

O que explica o milagre do emprego é....o emprego no comércio (http://jugular.blogs.sapo.pt/o-que-explica-o-milagre-do-emprego-3701114)
O que explica o milagre do emprego é....o emprego no sector de informação e comunicação
(http://jugular.blogs.sapo.pt/o-que-explica-o-milagre-do-emprego-3701114)
Força nisso!
Hugo Mendes 13.02.2014

Para o debate em curso, o que interessa é a fronteira público/privado. Se vários setores criaram emprego líquido ao longo de 2013, a narrativa dominante é que o emprego (líquido) foi criado no setor privado. "Só as empresas criam emprego", não ouve todos os dias? Esperar-se-ia que o setor privado seria responsável pela surpreendente criação líquida de emrpego em 2013.

Ora, entre o 3T e 4T o emprego privado caiu, e entre o 4T2012 e o 4T2013 cresceu residualmente - e nem vou considerar áreas como as "Atividades da saúde humana e apoio social", onde o emprego criado é quase tudo ou emprego público, ou financiado por dinheiros públicos, como nas IPSS.

Se considerássemos isto, concluiríamos que nao houve criação de emprego privado em 2013. E se excluir o setor público da criação líquida de emprego, não há nenhum milagre.

Obrigado pelos títulos propostos, é a prova de que não compreendeu o post. Mas tenho títulos alternativos. Por exemplo, deve preferir este: "Se descontarmos o emprego público criado, não há nenhum milagre do emprego (privado) a celebrar".

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