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os azares do Silva

Silva, Filipe Silva, mais precisamente "senhor subcomissário Filipe Daniel Macedo da Silva" como decerto gosta de ser tratado e que Magalhães, o cidadão Zé Magalhães, não cumpriu. Já todos  percebemos várias coisas: que o Silva tem fama de durão, gosta de mostrar quem manda e não hesita em desancar em quem não revela o respeitinho que ele próprio exige; que teve um comportamento inaceitável, a todos os títulos; e que mentiu. As imagens que chocaram o país e correram mundo mostram, sem grande margem para dúvidas, e a principal testemunha (a pessoa que forneceu água às crianças) confirma, que não houve insultos nem cuspidela, nem farda rasgada, nem nada disso. Logo, que a versão que o Silva foi contar aos colegas e que declarou o auto é falsa. Agiu da forma a que está habituado, mas desta vez teve azar. Vários e acumulados.

1. Estava lá a televisão; se não estivesse, o Magalhães bem que podia estrebuchar no dia seguinte à imprensa, que esta, no turbilhão informativo, limitar-se-ia a reportar um caso episódico de queixa de alegado abuso de autoridade e de duas versões não coincidentes. Ninguém ligaria grande importância. 2. O Magalhães levava duas crianças consigo; se estivesse só, tudo seria diferente. 3. O Magalhães é branco, adulto, um cidadão "normal" que explicou tudo de forma clara e convincente. Fosse ele cigano ou negro, um adolescente rasta de aspeto pouco convencional para os nossos padrões, de discurso atabalhoado ou com forte sotaque, e o clamor de indignação, aposto, seria bem menor. Não? ah pois não, que ideia. 4. O impacto das imagens obrigou imprensa, comentadores, autoridades, colegas, sindicatos da polícia a pronunciar-se e a marcar posição, arrastando o assunto para os cabeçalhos informativos muito para além dos 5 minutos habituais. 5. O episódio trouxe novamente para a ribalta o recorrente tema da violência policial e da formação e responsabilização dos agentes, mas também da impunidade e do corporativismo da polícia. O Silva arrisca-se a sofrer uma punição dura, mas apenas para acalmar o clamor popular. Posso imaginar que pensará como o Jô Soares, numa famosa rábula: "só eu? cadê os outros?".

O Silva teve azar. Agrediu sem motivo e mentiu. Mas continua em funções. E, com sorte, e se tudo lhe correr subitamente de feição, há-de passar por entre os pingos da chuva. Não seria certamente o primeiro caso. E eu não coloco as minhas mãos no fogo em como será o último.

 

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