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jugular

os piparotes

Lembro-me da PàF. Era uma coligação de dois partidos que concorreu às eleições de 2015, que ficou em primeiro e chegou a formar governo. Infelizmente, não teve apoio parlamentar para se aguentar mais que uns dias. Azar da democracia, o ser preciso uma maioria parlamentar a sustentar um governo, ficou o lembrete de, num futuro próximo, o país prescindir de tal pormenor desagradável e inconveniente. Foi-se o poder mas ficou - pensamos todos - a força. A força da PàF, paf, paf, um murro bem assente na irresponsabilidade, no populismo "de esquerda", no facilitismo, nos aprendizes de feiticeiro, no regabofe. A força da responsabilidade governativa, da prudência, do alinhamento com as realidades no mundo atual - leia-se Troika, Comissão Europeia, agências de notação - , do respeito pelos "mercados". Esses novatos, esses bandalhos, esses tolos que iam brincar aos governos e deitar fora quatro anos de reconstituição do respeito internacional e da credibilidade financeira iriam ser vigiados de perto pelo punho cerrado e implacável da razão, da sensatez e da reputação PSD-CDS. Não demoraria muito e não seria muito difícil. Afinal, um PS tosco e inexperiente, refém dos bloquistas e do Jerónimo, cativo das promessas fáceis e eleitoralistas de restabelecer pensões e salários, não tardaria a espalhar-se ao comprido. Uma geringonça. Cá estaríamos todos para dar o nosso soco, à vez, em grupo ou em salmo, naquele espetáculo constrangedor de um primeiro-ministro de sorriso permanente e um ministro das finanças meio tonto. Rimo-nos quando este falou na Assembleia da República, coitado, que tristeza, como foi possível o país ter trocado a dignidade da Maria Luís por este pateta? Punhos aquecidos, ia ser uma festa.

Porém, não se sabe bem porquê, as coisas começaram a correr mal. Estamos há dois anos à espera do grande desastre, o apocalipse já foi anunciado várias vezes mas tarda. Não há estatísticas, uma que seja, que ajude. Emprego, dívida, défice, índice de confiança, investimento, taxa de juro, resgate da dívida, exportações. País surreal este, onde tudo funciona ao contrário. A nossa legião de comentadores, jornalistas, opinadores, especialistas e exímios boxeurs faz o que pode a treinar os punhos, mas é uma frustração nunca passar dos ensaios. Sorte de principiante? Pacto com o Demo? Conspiração internacional? Mesmo tudo junto, não é possível. Agora, o Eurogrupo acaba de escolher o tonto. Assim vai o desconcerto do mundo. Tenhamos fé e esperança, porém, que é da adversidade que se forja a força imparável. De PàF pronta e iminente, acabaremos por derrubar o monstro. De piparote em piparote, muitos, infinitos piparotes.

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