Permanências a martelo a propósito de um "até aqui"
A leviandade com que se dizem certas coisas perturba-me. As palavras têm funções e significados específicos. "Até aqui", por exemplo, dá ideia de algo que perdura há muito tempo. Isto vem a propósito de uma frase no Expresso de hoje (não sei se foi ou não dita por Manuela Ferreira Leite).
«A ex-ministra da Educação questiona ainda a razão pela qual o Governo quebrou o protocolo com o Cambridge School. Até aqui, os alunos do 9ºano realizavam um exame de inglês e obtinham um diploma certificado por aquela instituição. “Fiquei perplexa. Se calhar não será nocivo para os alunos ter um diplomatizo com o nível de inglês...”, considerou.» (aqui)
Quem ler isto pressupõe que há muito tempo que os testes de Cambridge existiam e que esta permanência foi bruscamente interrompida. Ora bem, tais testes foram feitos pela 1ª vez, a título experimental, em 2014 e foi em 8 de julho de 2015 - há 6 meses - que Crato anunciou que passariam a ser feitos, e a contar para a nota, pelos alunos do 9º ano.
Ou seja, o "até aqui" nunca aconteceu, ia passar a acontecer em abril ou maio de 2016. Mas isso não interessa nada, o que conta é que a perceção das pessoas é construída e ficam com a sensação que "tudo foi rebentado".