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jugular

sem lágrimas

Uma mulher foi executada. Muçulmana, como os seus carrascos, acusada de adultério. Em Maarrat, no norte da Síria, pelo grupo Jabhat al-Nusra. Não foi mantida viva, vestida de laranja e filmada, com encenação e discurso com ameaças a Obama ou a Cameron, para causar impacto e choque mundiais. Como desafio e estratégia de propaganda. Não mereceu nada disso. Foi apenas morta com um tiro na cabeça no meio da rua, enquanto os carros passavam e os homens olhavam, mais ou menos indiferentes. Foi filmada com telemóvel por vários deles, como quem assiste a um espetáculo de rua e regista para mostrar à família. Execução sumária, com direito a não mais que breves palavras - e retóricas, aparentemente - e um coro final de "Deus é grande", sim, o tal. Uma mulher ajoelhada, indefesa, rodeada de homens armados. Não sei o que impressiona mais, se a execução sumária em si, se a indiferença seca, fria, banal, dos que a rodeiam. Não foi uma multidão enfurecida, não foi uma cerimónia de execução, não foi um espetáculo para amedrontar as massas. Foi só um ato de rotina que alguém filmou.

Nunca se saberá o seu nome. Nunca se conhecerá a sua história. Ninguém fará petições pedindo a sua libertação ou clemência. Não haverá vigílias nem desfiles em sua memória. Apenas uma mulher corajosa que enfrentou os seus carrascos com uma dignidade impressionante e que apenas pediu - sem sucesso - para ver os filhos. Sem gritos. Sem piedade. E sem uma lágrima: nem dela, nem de ninguém.

 

(notícia do dailymail aqui; video integral aqui)

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