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jugular

so fucked up

Estamos lixados. Novidade? não, rotina. Então? Então, é que estamos lixados e temos que nos congratular por isso. É? É. E agradecer, festejar, ficarmos aliviados porque escapámos ao abismo greco-socrático, dar graças à Santíssima Trindade (Troika, Passos e Cavácuo) porque nos colocaram no "rumo certo". Portugal está "no rumo certo". De tanto nos martelar a cabeça, tanto, mas tanto, já começamos a acreditar. Eu, pelo menos, estou a um passo de me converter. Valeu a pena, passou, passou, a recuperação económica já começou e o futuro vem já aí. Não liguem aos "arautos da desgraça", os que ignoram os "números da recuperação". Recuperação, recuperação. Mas calma lá, nada de euforias, nada de derreter em barda as "poupanças" conseguidas, juizinho, juizinho. Parabéns e festinhas no lombo, mas é sempre bom mostrar a ponta do chicote, não vá a besta excitar-se: se os portugueses espirram, os juros sobem; se houver contestação, idem, as "agências de notação", o Barroso, a Lagarde e outros arautos dos "mercados" já avisaram. Não há volta a dar nem outro caminho nem alternativa, é seguir o carreiro estreito, sim, este que se afunila e que não tem retorno. "'Tás c'a mosca ou cheira-te a palha", ouvia eu dizer quando era miúdo.

As pessoas precisam de esperança, foram três anos de desânimo, não há vontade coletiva que aguente. Se batemos no fundo, só pode melhorar, não é? Claro que é. Mesmo que as pessoas sintam uma alienação total, um completo desvio entre a "recuperação" (houve até um ministro mais entusiasmado que falou em "milagre económico" há dias) e o aperto do dia-a-dia e a angústia do amanhã. Que fazer, se nos injetam todos os dias o medo do apocalipse, se os mercados reagem mal, se é preciso novo programa, se os juros disparam?

Destruímos tecido social, empresas, empregos, famílias, riqueza, aparelho produtivo, confiança, gente qualificada, expectativas? Estamos mais pobres, mais deprimidos, mais pessimistas, vamos demorar muito tempo a recuperar? E devemos mais dinheiro, que nunca conseguiremos pagar, estamos mais endividados, de garrote mais apertado? Ná. Foi mau? Exagero, exagero, foi bera. "Sofremos de stress financeiro e, até, psicológico", disse ontem o PM. Está tudo dito. Devemos aceitar o nosso destino, porque não havia outra forma. E tivemos sorte. Parabéns, estamos a recuperar, valeu a pena. Lá aparecem as décimas nas estatísticas e o Financial Times, uau, Portugal, herói da Europa. Venha foguetório. E carros na "fatura da sorte". Isto, para mim, é 1984. O Ingsoc também apregoava, sim, as conquistas e as vitórias do partido contra os inimigos, e reescrevia a História, a par e passo. Calma, lá chegaremos, um dia.

Ontem tive um lampejo de esperança: ouvi o Barroso pronunciar-se acerca do referendo na Escócia e fiquei a desejar ardentemente uma vitória esmagadora do "sim". Para que os Barrosos e a imensa manada de alimárias que nos governam e bafejam insistentemente com o seu metano percebam que é a vontade soberana dos povos que determina o seu destino. Ou devia ser. Pelo menos, a dos escoceses.

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