Só uma pincelada porque o tempo é pouco
Estive a ler na diagonal a moção que António Pinheiro Torres apresentou ao Congresso do PSD. O senhor, e os congressitas que a votaram, têm todo o direito a opinar, não podem - ou não devem - aldrabar. Onde estão os 25% de abortos de repetição? E a morte de uma mulher por aborto em 2010? De acordo com dados da DGS houve, entre 2001 e 2007 - nos 6 anos anteriores ao Referendo, portanto - "12 mortes em 92 atribuíveis a aborto. Depois disso, houve o caso de uma morte por aborto medicamentoso. E depois de 2009 nenhuma mulher morreu em Portugal por aborto.” , isto é, entre 2007 e 2013 - nos 6 anos posteriores ao Referendo, portanto - houve uma morte (e mais mortes por parto, já agora, e não é por isso que se deixa de prestar apoio médico à gravidez).
Adenda: acrescento uma informação que o próprio António Pinheiro Torres deixou na caixa de comentários mas que se esqueceu de referir na moção que apresentou aos congressitas, com sublinhados meus: "Em 2010, entre as 10 mortes maternas notificadas durante a gravidez e puerpério, ocorreu uma morte na sequência de um aborto medicamentoso, por choque tóxico com Clostridium sordellii.
Trata-se de uma infecção muito rara – frequência descrita de 1:100,000. Existem casos descritos após aborto
medicamentoso, aborto espontâneo e pós-parto.
O caso foi comunicado imediatamente pela unidade hospital em causa à DGS. Foi realizada autópsia médico-legal que confirmou o diagnóstico clínico e laboratorial. As normas de conduta foram observadas e estiveram de acordo com o protocolo nacional.
- Em 2009 e 2010 não se registaram mortes associadas a interrupções de gravidez fora do quadro legal."