De cardos, espinhos e lendas urbanas
Começo a dar-me conta: a mão
que escreve os versos
envelheceu. Deixou de amar as areias
das dunas, as tardes de chuva
miúda, o orvalho matinal
dos cardos. Prefere agora as sílabas
da sua aflição.
Eugénio de Andrade, Os trabalhos da mão (in Ofício de Paciência)
No post «Lendas urbanas: tamiflu e anis estrelado» referi brevemente o cardo mariano e o cardo coroado e a elevadissima toxicidade deste último, muito popular em algumas «medicinas» tradicionais.
No entanto, embora cantados por alguns poetas, os cardos são considerados erva daninha em Portugal. As plantas a que chamamos cardos pertencem, na sua maioria, à tribo Cardueae ou Cynareae cujas características distintivas são os espinhos e a ausência de flores liguladas, substituídas por flores tubulosas. Nem todos os cardos pertencem à mesma família, por exemplo o cardo marítimo recordado por Eugénio de Andrade é uma umbelífera.
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