«Lisboa na rota da arte roubada pelos nazis», tema para investigação histórica
A revista Visão traz hoje um interessante artigo, da autoria Francisco Galope, onde é mencionado o galerista e livreiro Karl Buchholz como um dos elementos que vendeu arte roubada pelos nazis nos EUA. Sabia-se que Karl Buchholz, que «Lisboa na rota da arte roubada pelos nazis», fundou uma livraria com o seu apelido, em Lisboa, em 1943, (na qual aliás trabalhei) tinha tido esse papel de venda da chamada "arte degenerada" (assim considerada pelos nazis). Mas agora, através deste artigo, ficou-se a saber mais, com a descoberta da enorme colecção de quadros em casa de Cornelius Gurlitt, filho de outro galerista alemão, Hildebrand Gurlitt (colega de K. Buchholz), incumbido pelos nazis da venda de arte roubada.
Sobre o tema, na «Revista de Imprensa» do Diário de Notícias, hoje, L.M.C. assina este artigo
«Lisboa na rota da arte roubada pelos nazis
A revista "Visão" escreve hoje que "durante o Terceiro Reich (1933-1945), o regime de Hitler pilhou tesouros artísticos de um valor incalculável. Parte do tráfico dessas obras passou por Portugal, convertido num entreposto para fazer chegar a arte roubada aos Estados Unidos. Envolvido nesse comércio esteve karl Buchholz, um marchand d'art alemão que, em 1943, fundou na capital portuguesa uma livraria-galeria, ainda hoje famosa". Segundo a revista, "inscrito na Câmara do Reich para as Belas-Artes, o galerista e livreiro Karl Buchholz foi, juntamente com os especialistas Ferdinand Moller, Bernard Bohmer e Hildebrand Gurlitt, um dos quatro marchands autorizados pelo regime nazi, na segunda metade da década de 30, a comercializar obras tidas por Hitler como de "arte degenerada", e que, por isso, foram confiscadas a artistas e galeristas alemães ou retiradas dos museus públicos, em 1937 e 1938".
A "Visão" conta que "Buchholz chega a Lisboa em 1943 onde, no nº 50 da Avenida da Liberdade, abre uma livraria-galeria. manteve o estabelecimento que tinha em Berlim e outro idêntico em Bucareste, que criara em 1940. Dispunha, assim, de uma rede que abarcava toda a Europa, incluindo a capital portuguesa, tida como último porto, no velho continente, antes da América. Em muitos casos, os objetos de arte eram traficados para a América Latina, de onde, frequentemente, saíam para engrossar coleções nos EUA. A documentação da época cita testemunhos, como o do especialista Hans Schneider, segundo o qual "muitos dos quadros roubados foram enviados a partir de Espanha e Portugal para a Argentina". Os serviços secretos dos Estados Unidos identificaram pelo menos uma dezena de residentes em Portugal suspeitos de traficarem arte saqueada pelos nazis e Karl Buchholz estava no topo da lista»