Ernesto Guevara nasceu a 14 de junho de 1928. Hoje seria um velhinho a soprar 86 velas, rodeado de filhos e netos, rico e poderoso algures numa hacienda argentina. Porém, não. Tal como o Cristo de Kazantzakis, esta seria uma vida alternativa, hipotética, se tivesse seguido o que lhe estava reservado pela família e pelo meio social onde nasceu. Mas há quem rompa com os fados e trace o seu próprio rumo. "Che" foi um. Não fundou uma religião, mas tornou-se um ícone para gerações de todo o mundo. E, como em tantos casos, o mito é sempre mais interessante do que o homem. "Che" tem uma imagem, a célebre foto de Alberto Korda. Mas também tem um som, o "Hasta Siempre" de Carlos Puebla, cantado e glosado vezes sem fim durante décadas, em várias línguas e em diversos ritmos. Nos últimos 13 dias trouxe algumas amostras. Há mais, para quem quiser, por exemplo, aqui. Hasta.
Mais uma incursão germânica, desta vez cantada em língua indígena. Wolf Biermannn é o nome, com um percurso muito interessante: nascido na RFA, migrado para a RDA por convicção política, posteriormente declarado "traidor" e privado da cidadania leste-alemã. O mundo dá muitas voltas e a realidade é sempre mais complexa do que os nossos estereótipos presumem.
Sobre fervor revolucionário e "países de leste", eis um mix de ambos: Oktober Klub, da antiga RDA. Quase que apetece desatar a cantar a Internacional na parte do "de tu querida presencia".
Canto de intervenção, desta vez de Itália. Sente-se bem a militância revolucionária. Versão de Ivan Della Mea, cantor, compositor e membro do PCI, recentemente desaparecido.
Faltava uma versão "de leste" (do tempo em que metade da Europa estava "do outro lado"). Neste caso, da Hungria. Berki Tamás é o autor, em som "de intervenção" naquela língua bizarra que se fala por lá, sem afinidades com coisa nenhuma (exceto com o finlandês, pelo que sei).
Punk Rock espanhol. Os Boikot (no segundo álbum dedicado ao Che, "La Ruta del Che - No escuchar", de 1997). Not for my ears, mas há quem goste, evidentemente.