1 de agosto
Depois de um julho miserável, lá veio o primeiro de agosto estragar as expectativas de quem aguardava um início de férias auspicioso. O problema destes dias-desmancha-prazeres é que não há ninguém a quem se possa pespegar as culpas, nem um ministro, uma troica, um presidente ou uma crise que possa arcar com as favas da coisa. Os graciosos falam de S. Pedro e das partidas que prega, mas isso deixa sempre um travo de sabe-a-pouco, afinal não se pode rogar pragas a um santo. E se se pode, não se deve. Mas eu juro que não roguei pragas a ninguém. É sempre melhor proferir a já costumeira “só neste país”, misto de praga e de lema dos três mosqueteiros e de solidariedade coletiva da desgraça e do infortúnio (mas se quiserem chamem fado) que lançamos de forma tão corriqueira quanto, a mais das vezes, injusta. Portugal não tem, felizmente, orelhas; se as tivesse, já estariam carbonizadas há muito. Vamos, portanto, assumir que, como é hábito, a culpa do dia de hoje foi do “país”; não é, bem vistas as coisas, mais ridículo do que tantos bodes expiatórios que se arranja por aí.