a válvula de Thufir
É mais ou menos a meio do filme. O Barão Vladimir Harkonnen dirige-se a Thufir Hawat, o derrotado Mentat do arqui-rival duque Leto Atreides, e revela-lhe que lhe tinham instalado uma válvula artificial no coração, dizendo-lhe para não se envergonhar, porque “todos aqui têm uma”. Tratava-se de uma marca distintiva dos Harkonnen e o ex-inimigo era agora um deles; um sinal da derrota e da conversão forçada ao campo que, na versão cinematográfica de David Lynch da saga Dune de Frank Herbert, equivale e personifica o Mal absoluto. Não havia retorno possível. “My duke, how I failed you...”, são as suas últimas palavras. No filme, a válvula de Thufir é apenas um pequeno pormenor sem desenvolvimento nem consequência (e no livro, sinceramente, não me recordo, e não o tenho à mão para confirmar). O facto de o personagem surgir no final, titubeante e apagado, ao lado dos vilões derrotados e humilhados pela omnipotência de Mua’dib, concede força à ideia de que sim, o seu caminho foi irreversível.