viagens nas trevas
Após breves momentos de indecisão nos escaparates, decidi-me a comprar o Público. Notícias desinteressantes, todas (excetuando, talvez, o julgamento de Mubarak). Tive ainda ocasião de espreitar o i e apreciar a silly season em todo o seu esplendor, com o incrível furo jornalístico do Obama e do Homem-Aranha. Podiam ter a sinceridade de dizer, com todas as letras, que os pretos são todos iguais e, portanto, qualquer personagem, super-heróica ou não, vagamente negróide é a personificação do presidente americano. Mas já me estou a desviar. Comprei o Público porque vi que saía o “Coração das Trevas” de Joseph Conrad, que nunca tive ocasião de ler e que sempre me suscitou grande curiosidade. Infelizmente não havia exemplares por estas bandas, talvez amanhã, talvez um dia destes encontre um por aqui. Seja como for, o título chamou-me a atenção e acabou por ofuscar o tédio noticioso do jornal. Nem a entrega da declaração de rendimentos dos ministros no Tribunal Constitucional, a composição do Conselho de Estado ou os dinheiros da transferência de Roberto chegam aos calcanhares do “Coração das Trevas”, mesmo sem nunca o ter lido.