E já vem atrasado, que elas já acabaram. Mas assim encerro com um twilight post. E que é um twilight post? Um neologismo que acabei de criar e que significa "post escrito quando as férias acabam e o trabalho recomeça, que tanto dá para um lado como para o outro, também chamado de «post lusco-fusco» e para o qual se pode usar a analogia do copo meio cheio ou meio vazio". O presente, contudo, excede largamente esta mera dimensão laboral; na verdade, é também uma porta para a surrealidade, digamos que "onde o disparate acaba e o Cosmos começa". Musiquinha do Rod Serling, sff.
A história corre por aí: o Tribunal da Relação do Porto impediu que um funcionário fosse despedido por trabalhar embriagado. Está no acórdão? Não. Um acórdão diria, de forma lacónica, austera, espartana (eu diria mesmo sóbria), que o despedimento era injustificado, que bastaria um duche frio, um cafezinho, uma mezinha e uma noite bem dormida. Vá lá, vá lá, não sejam maus que a vida está difícil para todos, deixem lá o moço, por esta passa, vai e não voltes a pecar (ou a beber), pelo menos nas horas de serviço. Nada disso. Seriam palavras de gente mal humorada, severa, sem sentido de humor e, sobretudo, sem amor pela vida. Ora, como todos sabemos, os juízes são especialmente dotados para o humor, qualquer pessoa que entre numa sala de audiências de um tribunal fica imediatamente bem disposta com a informalidade e a alegria daqueles ambientes, a começar pelas vestes que envergam e pela descontração com que tudo aquilo decorre. É tudo muito divertido, como qualquer um sabe. Portanto, os três estarolas (desculpem, juízes) decidiram em conformidade: eram (os dois funcionários em causa) apenas almeidas, aqueles que recolhem o lixo que todos nós fazemos. "Vamos convir que o trabalho não é agradável", dizem. É verdade. Os 2,3 de alcoolemia que um deles tinha seria mau para um trabalho a sério, de responsabilidade e, sobretudo, agradável - quem sabe, juiz? - agora "homem do lixo", não, mesmo que o outro estivesse a conduzir o veículo com 1,79. Ao menino e ao borracho mete Deus a mão por baixo, alguém imagina um atropelamento ou acidente grave causado por um carro do lixo? Não brinquem. Gozem a vida, oras. "Com álcool, o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões", não é verdade? Tudo em nome da "alegria da imensa diversidade da vida". Olaré. Agora, alguém que ponha isto em forma de código deontológico, definindo, para cada profissão, o que cada um pode beber em serviço, segundo uma escala de inversamente proporcional à alegria laboral. Lanço já aqui a primeira pedra: juízes, zero, abstinência total, porque tanta e tão transbordante é a alegria de viver que isto revela que acrescentar uma gota de álcool seria perigoso. Isto, sim. Não é bem um acórdão. É mais um acordeão.
"O número de formas úteis de montagem dos ácidos nucleicos é incrivelmente elevado. É, provavelmente, mais alto do que o número total de átomos do universo. Isto significa que o número de tipos possíveis de seres humanos é muito maior do que o número de humanos que alguma vez viveu".
Palavras de um génio da física, da ciência, da divulgação, da comunicação, que sempre admirei. Chamava-se Carl Sagan e misturava aquela ousadia de imaginar com um ceticismo a toda a prova. Não era ateu, porque não tinha provas de que Deus não exista; nem crente, pelo motivo inverso. Os números de Sagan são notas da música celestial, escutada através da ciência. Ouvi-lo e vê-lo, por exemplo, na série Cosmos, é uma lufada de espanto, de esperança e de maravilhamento. Devia ser obrigatório nas escolas, nas faculdades, nos foruns políticos, nas workshops de economia, nas reuniões secretas das células terroristas, nas igrejas e nas mesquitas, nos quartéis e nas prisões; em Davos e no Rio, em Nova York e em Pyongyang, em Teerão e em Tel Aviv. Incrível como todo um povo pensou que a única forma de sarar a humilhação de Versalhes seria o pogrom; inacreditável como uma elite governativa de um império decadente decidiu que o modo exclusivo de inverter a sua sorte seria exterminar os arménios; espantoso como um regime, um partido, um país inteiro julgou que só seria possível preservar o seu modelo social mediante o gulag; e, como ontem e hoje, tantos e tantas vezes creram e perfilham soluções, vias e respostas únicas, dicotomias simples, sim ou não, preto ou branco, nós ou eles, Deus ou o Demónio, morrer ou matar. Causam assombro os falsos becos sem saída da História. A estupidez humana não tem limites.
E, nos nossos dias, os falsos profetas que nos querem incutir soluções únicas e alegadamente inevitáveis, os sacerdotes dos números que nos conduzem para idas sem retorno, os políticos sem imaginação que nos impingem à força a destruição de vidas e sonhos, os tecnocratas do Excel que puxam os cordelinhos da fatalidade austerocrática, todos eles, todos, nunca viram nem ouviram Carl Sagan, nunca, nem uma vez. Arrogam-se de critérios da ciência (política, económica) e usam muitos números, mas apenas geram pobres peças de uma nota só; e isso, como qualquer um sabe, não é música. E as sociedade humanas, embora infinitamente menos complexas do que as espirais do DNA e do RNA, mereceriam, se não uma sinfonia celestial, pelo menos uma fuga, uma cantata, uma sonata.
Noutros tempos seria "patriótico", "revolucionário" ou outra coisa qualquer. No Portugal de 2013, o apelo é feito à responsabilidade de cada um (embora com a ressalva - convém não esquecer certos pormenores - da obrigatoriedade). Para os irresponsáveis, escrevi há dias uma coisa sobre o ovo e o foro e que metia 120 a 180 €. Outros locais já assistiram a hordas de gente exótica a acenar com livrinhos vermelhos; ou verdes, mais perto de cá, algures no Magrebe de outros tempos. Mas as hordas lusas (desde engravatados com ar executivo a velhinhas e putos reguilas) não exultam Mao, Qaddafi ou outro maduro qualquer, antes agitam bizarros cartazes com três cartões. Estranho povo, este. Desculpem o riso, não é por mal, mas "eu valido verde" é ridículo e presta-se a trocadilhos irresistíveis, duque de Lerma à mistura, cromatismos por arrasto e, por fim, moralismos sociais inevitáveis: fiquei a saber que, de cada vez que passo o meu passe pela maquineta, estou, entre inúmeras outras coisas, a sanar o buraco do BPN e a punir Oliveira e Costa y sus muchachos.
Não falo em negros, africanos, afro-portugueses, ou de cor. Este país não é para eles. Não vejo nenhum na praia onde tenho a felicidade de gozar férias. Só branquelas, e alguns bem pálidos. Esta praia não é para eles. É verdade que não os vejo na televisão, que deveria ser para todos; nem apresentadores, nem pivots, nem jornalistas, nem atores; nem em anúncios ou em publicidade. Em boa verdade, nem chinocas, nem ciganos, nem qué frô. Quem olhar para a televisão pensa que Portugalé um país monotonal, sem minorias. Uns e umas loirinhas e de olhos azuis, sim. Pretos, nunca. Só aparecem nas notícias, e sempre pelos piores motivos: assaltos, criminalidade, insegurança, Cova da Moura, 6 de Maio, os estigmas indeléveis que todos conhecemos. Este país não é para eles. Não falo do país do trabalho, a esse pertencem, oh se. O outro. O país das esperanças, do imaginário, dos sonhos, das expectativas, dos horizontes. Esse.
Onde vivem eles? Na Linha de Sintra, por exemplo. Basta viajar no comboio e ver, reparar em certas estações e contar. Metade, pelo menos, contei eu há uns dias. Andam de comboio. Mas a publicidade não é para eles. Alguém repare e veja quantos aparecem nos cartazes com figuras humanas. Eu tomei nota: zero. Comecei por "A vida da Gente", nova novela da Globo. Mais adiante, "Soltrópico, conhece a pérola azul do Mediterrâneo?". Fotos de gente sorridente. Mas sempre de pele clara. Mais profusa é a oferta educativa. Meter os filhos a estudar, trabalhar arduamente para lhes dar educação, um curso, permitir-lhes uma vida melhor. Foi assim que os meus pais pensaram. É assim que eles, e os pais deles, pensam, na Amadora, no Cacém, na Reboleira. Mas este imaginário não lhes é dirigido: Universidade Lusófona (três anúncios differentes), Instituto Superior de Novas Profissões, ISG - Business & Economic School, Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches. Zero. A própria CP publicita os seus produtos nos comboios: "CP - 1 para todos e todos para 1, viagens de grupo a 1 €"; "Viaje com a família com a CP, 50% de desconto"; "Soma e Segue - Descontos para a praia CP". Mais zero. Deduzo que os pretos não estudam, não vão à praia, não têm família e deseja-se que não viajem em grupo. Se o fazem, não foi por alguém os chamar para isso. De caminho, olhando para o exterior, ainda vejo um "Adidas We Are All Benfica" com muitas caras na foto. Todas lixiviadas, como adivinharam? Numa das estações, duas mulheres lavam um placard. O que lá diz, disse e dirá passa-lhes certamente ao lado. Percebem que não lhes é dirigido. Por fim, em plena estação de Queluz, um grande cartaz fala da "Linha Apoio Senior". Mas o casal idoso e feliz da foto é de cor diferente da maior parte da gente que por ali passa. Este país não é para pretos. Sobretudo velhos.
Está no Provérbios Medievais Portugueses, de José Mattoso (col. "essencial", aqueles livrinhos minúsculos da INCM que custavam 100 escudos): "não é pelo ovo, é pelo foro". O ditado refere-se ao pagamento (o foro) que os rendeiros - ou seja, camponeses sem terra - tinham que pagar aos donos da terra. Como muitos provérbios, tem um sentido literal e um figurado, irónico e crítico: a) um foro é um foro, e portanto há que cobrá-lo, ainda que se trate de apenas um ovo (ou seja, uma espécie de versão popular do dura lex sed lex, escuso-me a paralelos fiscais dos nossos dias); b) mas para quem auferia grandes rendimentos, cobrar um ovo era sinal inequívoco de mesquinhez, avareza e insensibilidade, dada a situação provavelmente miserável de quem o pagava. Esta dualidade de interpretações numa frasezinha tão curta e aparentemente inócua sempre me encantou. Aliás, o livrinho está cheio de pérolas idênticas, a maior parte caída em desuso, outras ainda resistentes na memória coletiva e umas deliciosas pelo que revelam de todo um universo mental em regressão (bom, penso eu de que): "o homem fogo, a mulher estopa; vem o diabo e assopra".
Há dias, viajando eu pelo metropolitano de Lisboa em arribada de saloio à grande urbe, fui fulminado por um relâmpago de memória que me transportou ao pequeno incunábulo lido há décadas e ao referido provérbio que lá consta: "não é pelo ovo, é pelo foro". Nem Thor, nem Zeus, nem Seth, nem Xolotl, apenas um singelo aviso numa das portas. Diz que os penetras sem bilhete serão multados. E que a sanção será terrível, entre 100 a 150 vezes o preço do bilhete em falta. Paguei 1,20 pelo meu, o que significa que, se o perdesse e fosse apanhado, pagaria entre 120 a 180 €. Imagino que quem, há séculos, fosse apanhado a caçar nas coutadas do senhor, também estivesse sujeito a pesadas penalidades. Provavelmente bem mais duras ou, pelo menos, fisicamente dolorosas. Mas nessa altura, presumo, a dureza do castigo dependeria do humor, da gravidade (sei lá, entre um coelho e um mamute), da altura do ano ou de outros fatores mais ou menos aleatórios. No Metro, não sei. Ignoro que me faria pagar 120 ou 180. Os meus lindos olhos, um choradinho, a minha vestimenta, o respeitinho para com o agente, um sinal sincero de arrependimento e uma promessa de nunca mais repetir, será? Ou a magnanimidade de quem fiscaliza?
120 a 180 € não é "um ovo". Talvez para aquela senhora Espírito Santo que diz que gosta de "brincar aos pobrezinhos" o seja. Para mim não é e para um desempregado ou um velho com 300 € de reforma, nem imagino o que seja. Onde está ele, então? Ali. É que para além do multiplicador de centena a centena e meia, o prevaricador tem, ainda, que pagar o bilhete em falta. 100+1 a 150+1, portanto. Quem sabe, 126, pronto, a meio da tabela. Este 1 é "o ovo". Não é que 1 faça grande diferença entre 100 e 150. Mas a lei é a lei, uma coisa é a multa, outra é o pagamento do bilhete, nada de confusões. Também me fez lembrar as execuções na China, em que a família do criminoso tem que pagar a bala. Mas fico-me pelo provérbio. Não é pelo ovo, é pelo foro.
Há uma década, as televisões passavam repetidamente uma informação curiosa: a PSP e a GNR tinham um programa de "férias seguras" que concedia segurança adicional aos cidadãos, quando se ausentassem. Bastaria que se dirigissem à esquadra da sua zona de residência e que preenchessem um impresso com os dados da habitação, os dias de ausência, as pessoas que possuíam chave, etc. Seria então feito um reforço do patrulhamento durante o período de férias. Lembro-me perfeitamente de ter visto um responsável policial num dos programas "da manhã" a falar do assunto. Pois. Em 2003, foi o que fiz. Mas na esquadra da minha zona desenganaram-me logo: ninguém sabia quem tinha inventado tal patranha, os próprios agentes estavam irritados com a coisa, porque esse programa não existia, na esquadra não tinham quaisquer instruções a esse respeito, nem meios, nem formação, nem coisa nenhuma. O palpite do guarda foi que alguém nas relações públicas da PSP tinha bons contactos na imprensa e quis, assim, aumentar o sentimento de confiança da população. Mas ali, que ainda por cima era GNR, nada disso existia.
Lembrei-me deste episódio há dias, ao escutar, com divertido interesse, uma peça que passou num dos noticiários da hora do jantar (não me lembro do canal): começou com uma parceria de patrulhamento policial luso-espanhol em diversas localidades de ambos os lados da fronteira, passou para vários depoimentos obtidos na rua junto de turistas (invariavelmente ora portugueses, ora espanhóis) e de vários agentes e rematou com o que parecia ser uma ação de formação dada a elementos policiais. Pelo menos, estavam todos sentados a escutar uma pessoa que ia falando e proferindo frases exclamativas para a audiência. Um pormenor interessante: aparentemente eram todos homens, sentados e fardados; quem falava, não. Nem homem, nem sentada, nem fardada, muito pelo contrário: uma mulher jovem e indubitavelmente atraente que ia circulando pela sala, de mini-saia ou calções curtos e decote generoso. Seria bom que alguém dissesse se tal opção vestuária foi eficaz ou contraproducente, sff.
Uma das frases que me chamou a atenção foi (mais ou menos) esta: "o pior que se pode dizer a quem foi vítima de furto [eram sobretudo os furtos que estavam em foco, por constituírem a maioria dos casos de queixa policial e o que mais origina o sentimento de insegurança nos turistas] é «não posso fazer nada»; é sempre possível fazer alguma coisa, e o agente pode e deve informar a pessoa lesada dos procedimentos que são tomados e incutir-lhe confiança". Que pena que estas recomendações dadas aos agentes policiais apenas vigorem em ambientes turísticos, no Algarve e durante a época balnear. É que no resto do país, nos restantes nove meses do ano e junto da população mais morena e com menos sotaque também dava um grande jeito.
Eu explico: a minha casa foi assaltada duas vezes, em 2007 e 2008, com um modus operandi idêntico. Em ambas lá foi o piquete da esquadra policial tomar nota da ocorrência, mandaram o C.S.I. lá da terra no dia seguinte com uns pincelinhos e pó-de-talco para concluir que "usaram luvas, nada a fazer". Das duas vezes, os agentes, enfim, encolheram os ombros, "pois, está a ver, esta malta... isto agora é assim", e a tal frase assassina: "não podemos fazer nada".
Das vezes que fui à esquadra tentar obter informações, a reação foi mais ou menos a mesma, um encolher de ombros, pistas, casos idênticos, suspeitas? ná, "é melhor esquecer, tem seguro?". Nada disto, por si só, seria muito grave. Mas quando tive que tomar providências de segurança e contratei um serralheiro da terra para me fazer uma (linda) porta de lagartas, ouvi uns rumores interessantes: outras casas haviam sido assaltadas nas mesmas ocasiões, com os mesmos procedimentos, tudo igualzinho; dizia-se na terra que se desconfiava quem tinha sido, e que a polícia "os" conhecia muito bem, eram presidiários que aproveitaram (em dois anos seguidos) a folgazinha efémera de Natal para fazer mais uns servicinhos.
Há dois anos, em pleno agosto, o meu carro foi furtado à porta de casa. Nunca apareceu. Na mesma esquadra, idem aspas aspas. Com uma agravante: quando me dirigi lá duas semanas depois, para tentar obter informações sobre o paradeiro da viatura, fui recebido com modos, educação e atitude adequadas a quem pensou certamente que eu era o ladrão, e não o lesado; quis saber quem eu era, o que estava ali a fazer e porque fazia aquelas perguntas. A tal senhora da ação de formação policial televisiva disse que "não posso fazer nada" é uma frase proibida? Pois eu, a quem só faltou ser exigida a identificação e, quem sabe, uma confissão onde tinha escondido o carro, tê-la-ia ouvido com simpatia. Mas pronto. As bacanches já tinham terminado, e era hora de regressar ao país real.
Há dois anos enfrentei-a. Assim, olhos nos olhos. Agora, será pela crise, talvez pela idade, quem sabe, já não me assusta, nem dei por ela. Para mim morreu. Desta vez não fiz contas a portagens nem a horas, a dinheiro ganho ou a tempo gasto. Antes de Grândola fugi-lhe pela N 120 e acabei já perto de Bensafrim, quase meio Portugal mais abaixo. E da mesma forma como virei as costas à autoestrada, deparei com o país real das estradas nacionais e itinerários complementares: vias que começam bem mas cujo fim se adivinha poucos quilómetros adiante, indicações pouco claras e informações confusas para quem deixou o mapa em casa (e que julgava já não ser necessário), obras sinalizadas mas inexistentes, melhorias adiadas. Sines é uma terra simpática. Tem um festival de "Músicas do Mundo" a decorrer, que eu desconhecia. Foi lá que me garantiram que a estrada era ótima até "lá abaixo". Nem tanto, nem tanto, desconte-se a boa vontade de quem queria causar boa impressão. Junto ao Cercal do Alentejo há uma terra chamada Pouca Farinha e, mais adiante, uma enigmática Portas do Transval. Só com um "a", valha-nos isso. De cada vez que escolho itinerários destes para fugir à maldita, lembro-me sempre do Cars e da agonia das terras devido às autoestradas que as atravessam. Por cá ficou célebre o óbito de Canal Caveira quando a A2 ficou completa. Ainda me lembro das peças jornalísticas que cobriam os desabafos dos donos dos restaurantes arruinados. Valeu-lhes a crise ou, quem sabe, N. Srª de Fátima por invocação a fortiori do primeiro magistrado da nação. Não tardaremos muito a voltar ao glorioso Portugal das longas viagens Lisboa-Porto pela EN 1 com paragem em Venda das Raparigas. Não importa agora. Importa, sim, que já estou perante o que mostro acima. Demorou, é verdade, mas foi. Essa é que é essa.