Um post atrasado sobre um evento fora de tempo
No passado sábado, o país assistiu a mais uma manifestação de religiosidade parola, a mais uma expressão de idolatria militante, a mais um sinal de crendice supersticiosa. Nada disto é especialmente preocupante. É, sim, que se páre o trânsito, se vedem áreas, se proíba a circulação, se mobilizem meios excepcionais para tal espectáculo, tudo isto numa cidade, a maior de um país laico, e não num santuário destinado ao efeito. É, mais, que se confunda isto com fé religiosa, com espiritualidade ou outro conceito equivalente. É, pior, que a Igreja Católica o aplauda, o promova, o incentive e reduza (ou assim o faça entender) a dimensão religiosa a estas expressões de beatice. É, por fim, e, sobretudo, muito pior, que tal evento não ocorra por causa de uma celebração popular, de uma tradição cultural ou de um acontecimento de excepcional importância, ainda que religiosa. Pelo contrário. Que se fique a dever a um logro, uma manobra de propaganda política, um embuste, uma charlatanice com 50 anos.