A revolta dos equiparados
No Avesso do Avesso o Filipe Moura comenta a recente manifestação dos docentes do ensino politécnico, em particular alguns comentários que a notícia mereceu no Público.
O artigo do Filipe, até muito recentemente bolseiro de pós-doutoramento, tem algumas incorrecções, nomeadamente no que aos quadros diz respeito, mais concretamente há imensa gente que não pertence aos quadros e acedeu à carreira por concurso público, aliás a esmagadora maioria dos docentes, pelo menos universitários, são docentes além-quadro. Mas essencialmente o artigo vale a pena ser lido porque reflecte o mal-estar em relação a perspectivas de futuro de muitos bolseiros de investigação, de pós-doutoramento e doutoramento, que, num país em que o tecido produtivo valoriza pouco as mais valias de uma pós-graduação, têm muito poucas saídas profissionais - que não passem por pós-docs ad eternum.
Numa altura de crise, que alguns apontam como estritamente conjuntural mas que penso poucos duvidarem ter uma componente estrutural, acho que valia a pena uma reflexão profunda sobre o tema. Para já, deixo uma interrogação que me intriga há demasiados anos, isto é, porque razão num país em que todos apontam a baixa qualificação - e produtividade - da mão-de-obra como uma das causas do que designam crise endémica, a mão de obra altamente qualificada é, com excepções que vale igualmente a pena analisar, completamente ignorada pelos empregadores nacionais.