Porque morrem os pelicanos?
Em 1948, Paul Müller ganhou o Nobel da medicina pela descoberta das propriedades insecticidas do DDT, em particular em relação aos vectores de doenças como a febre amarela e a malária. O DDT foi assim um dos primeiros insecticidas a ser usado extensivamente, não só na erradicação da malária como na agricultura. Mas o DDT é igualmente um poluente organoclorado persistente e bioacumulável, nomeadamente o DDT utilizado na agricultura é lixiviado dos campos para os cursos de água e posteriormente para zonas costeiras, afectando peixes e os seus predadores. Este desregulador endócrino que se acumula nos tecidos adiposos afecta especialmente os sistemas reprodutivo e nervoso. Em particular, o DDT e um dos seus produtos de degradação, o DDE, interferem na regulação hormonal de certos pássaros, provocando o enfraquecimento da casca do ovo e comprometendo a reprodução da espécie.
Em 1962, foi publicado o livro Silent Spring, de Rachel Carson, considerado uma das obras mais influentes do século e que despertou a consciência ecológica do mundo. O livro alertava para os efeitos ambientais do DDT, em particular para o facto de o DDT estar a causar a extinção de algumas espécies, entre as quais aquela que é o símbolo dos EUA, a águia careca, mas também o falcão peregrino e o pelicano castanho da Califórnia. O livro esteve várias semanas na lista de best-sellers no New York Times e causou tantos protestos públicos que o DDT, após uma acirrada disputa judicial e política, foi banido nos EUA e pouco depois na maioria dos países industrializados. Actualmente a sua utilização é controlada pela Convenção de Estocolmo sobre os POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes).