A palavra é mesmo «humanismo». E isto não é uma “lamechice”.
José Pacheco Pereira, hoje, termina o seu texto no «Público», assim:
«E a política em democracia perdeu esse sentido de melhoria da vida dos homens comuns, da “felicidade terrestre”, na única vida que conta para a democracia, que é a vida na Terra e não a eterna. A demagogia que sacrifica o presente em nome de um futuro construído ao sabor dos interesses desse mesmo presente reconstrói a ideia de que a salvação está outra vez num paraíso celeste, agora prefigurado nos “nossos filhos e nos nossos netos”, em nome de quem a vida das pessoas que existem, tenham um dia ou cem anos, é desprezada.
Eu sei que são velhas queixas, muitas vezes repetidas. Mas talvez tenha sentido repeti-las para renovar dia a dia, ano a ano, uma pulsão humanista, que, se pode não fazer uma vida melhor, pode pelo menos fazer-nos melhores».
Não podia estar mais de acordo, e este texto lembrou-me um episódio. Quando há muitos, muitos anos, deixei organicamente a vida política, demorei muito mais tempo a mudar de opinião e a deixar de defender de forma totalmente anti-humanista os “amanhãs que cantam”. Foi então que resolvi voltar a estudar, no sentido académico do termo, e fiz o exame «Ad-Hoc» (tinha o antigo sétimo ano e não o 12.ª ano, para entrar na Universidade). Na prova escrita, calhou-me comentar um texto “humanista” de Charles Chaplin. “Consequentemente”, resolvi destruir a argumentação humanista, ponto por ponto. Depois, pensei que tinha acabado de “chumbar” na prova. Não chumbei, porque, ou o corrector da prova também era anti-humanista, ou porque considerou que a argumentação estava sustentada.
Muito tempo depois, pensei: ainda bem que só ele leu a prova. Hoje, considero o “humanismo” vital.