No LATimes leio que «An Orange County jail inmate caused a stir this year by successfully claiming the fictitious holiday Festivus, made famous on the television show “Seinfeld,” as part of his religious beliefs to score better meals.
Malcolm Alarmo King, 38, enjoyed “a high protein no salami diet 3 times per day for ‘Festivism’” according to a court order by Orange County Superior Court Judge Derek G. Johnson.
Infelizmente, alguém mais familiarizado com o Seinfeld informou o tribunal de que a alegada religião do preso passava apenas pela crença em refeições decentes três vezes ao dia e nada mais. Não existindo uma razão religiosa para uma dieta diferenciada, a ordem do juiz Derek G Johnson foi revogada e, até à sua libertação em Outubro, King voltou a partilhar a mesa comum.
Este ano não me esqueci de assinalar o Dumb Day condignamente. Há exactamente 6013 anos, de acordo com James Ussher, arcebispo de Armagh e primaz da Irlanda, este dia foi o primeiro dia da Criação.
Tal como ano passado, importa no entanto recordar efemérides congéneres. E não, não estou a referir o que aconteceu em 23 de Outubro de 1956, dia em que centenas de milhares de húngaros foram para as ruas exigir o fim do domínio soviético, ou em 1915 quando cerca de 25 mil sufragistas norte-americanas marcharam pela 5ª Avenida exigindo o direito de voto. Neste dia, e antes que apareçam por aí os leitores mais indignados com a nomeação do dia, importa recordar que há exactamente 69 anos, no dia 23 de Outubro de 1941, a Disney lançou o seu 4º filme, baseado num elefante que usava as suas grandes orelhas para voar.
O padre Gabriele Amorth, exorcista oficial do Vaticano e fundador da Sociedade Internacional de Exorcistas, ventilou há dias as suas preocupações com os fumos de Satanás que varrem a Igreja. O artigo com as lucubrações do padre é extraordinariamente interessante, em particular na parte em que Amorth assevera que os endemoniados cospem vidros, pregos e, por vezes, pétalas de rosa, mas o que realmente me impressionou foi a dedicação do padre à coisa. De facto, o exorcista-mor do Vaticano afirma já ter dado conta de mais de 70 mil possessões demoníacas o que, considerando que só foi despertado para estas lides em 1986, dá uma média de 8 exorcismos por dia, todos os dias, durante 24 anos.
Se pensarmos que, segundo Amorth, o filme «O Exorcista», embora exagerado, oferece um retrato «substancialmente exacto» da possessão, não podemos deixar de nos espantar com o vigor do padre de 85 anos.
O Maradona, que se auto-descreve como lendo muito, aparentemente não estende essa apetência pela leitura àquilo que critica em termos, digamos, à la Maradona, ou antes, naqueles ditados pelos arroubos da indignação que, vá-se lá saber porquê, o apoquenta sempre que escrevo algo que contraria o seu desejo de que a ciência seja «No fundo, uma puta que trabalhasse de borla, mas que não aborrecesse».
Mais concretamente, o Maradona aparentemente perdeu as estribeiras por eu eu ter explicado que, contrariamente ao que ululam ad nauseam todos os criacionistas, Hitler não era evolucionista, bem pelo contrário. E, falando de si para os seus botões, não certamente para mim, deixa a pergunta «Acredita a professora Palmira que lá pelo facto de o Hitler ser um Criacionista não se pode ser uma pessoa decente sendo-o?».
Mas, não querendo deixá-lo angustiado mais tempo, desta vez não me limito a hiperligar o que escrevi há mais de um ano aqui na jugular, transcrevo na íntegra o parágrafo que espero lhe esclareça as dúvidas angustiantes que lhe inspiraram a prosa, tão angustiantes certamente que se sentiu obrigado a repeti-las alhures.
«Devo esclarecer que não considero que o facto de Hitler ser criacionista e Estaline anti-evolucionista ou ambos anti-ciência «inconveniente» seja um argumento válido para qualquer coisa, mas já que ele recorreu aos argumentum ad nazium e ad Stalinum para explicar porque razão devemos abandonar o rigor intelectual, a verdade e a razão em prol de realidades alternativas, acho que é conveniente explicar que aquilo que seria por si só um argumento completamente inválido assenta ainda por cima em afirmações totalmente falsas!»
No Minnesota, Dennis LeRoy Anderson declarou-se culpado de conduzir um veículo embriagado. Nada disto seria notícia se o veículo em questão não fosse um sofá motorizado um bocadinho mais artilhado que o do vídeo.
Para aqueles que se divertiram com a proibição dos rodeos proposta no programa do BE, um esclarecimento que se impunha: afinal sempre há rodeos em Portugal!
Na sua primeira visita pós-convalescença, Sarkozy não deixou nada ao acaso: os anfitriões na fábrica em l'Orne foram escolhidos a dedo, literalmente. Ou seja, nenhum podia ser nem um dedito mais alto que Sarkozy. A história contada aqui e aqui - visteis, manas Pires, também linko em francês :).
O Enviesamento de confirmação (confirmatory ou confirmation bias) é o tipo de pensamento selectivo que caracteriza aqueles que têm tendência para procurar informação que confirme a sua opinião já formada e ignoram tudo o que contradiga essa opinião. Esta tendência, já descrita no século XVII por Francis Bacon, o «pai» do método científico moderno, é alternativamente designada por Demónio de Morton, um «demónio que é melhor que uns óculos de lentes cor de rosa» e faz as pessoas por ele possuídas «sentirem-se moralmente superiores».
Este demoníaco enviesamento de confirmação tem dois corolários, a perseverança das crenças (belief perseverance) e o efeito primeira impressão ou regra dos 15 segundos, como foi baptizada pelo perito em marketing e comunicação Michael Shea. A conjugação de ambos tem como resultado que, na «Guerra pelas nossas mentes», a aposta na imutabilidade das primeiras impressões sobre um determinado assunto é uma das 22 leis, também imutáveis, do marketing.
Também decidi que não vou votar PS. Estou muito desiludido. Já vou com dois meses de "conforme combinado" em atraso (nós chamamos-lhe "conforme combinado"), a casa de férias ficou aquém das expectativas porque a exposição da piscina ao sol não era a ideal, o iate tenha menos meio metro do que parecia na fotografia e, cúmulo, uma vez não encontrei na carteira o cartão de crédito que me mandaram. Tinha-o deixado em casa.
Dito isto, estou na dúvida entre o MEP e o MMS. O nome do primeiro diz-se facilmente e isso é bom. Grita-se bem em comícios, mas o problema é que ao segundo grito a coisa fica algo pateta. Ora experimentem. MEP! MEP! Ora aí está. Já me sinto ridículo. Imaginem cem gajos aos gritos: MEP! MEP! MEP! Pensem na vergonha que é se alguém entrar de repente na sala sem saber o que se passa. Tudo a corar. E depois há aquela questão de MEP querer significar Movimento Esperança Portugal. Preferia Movimento Pedrito de Portugal. De longe.
MMS é giro. "Quero votar MMS, emprestas-me o teu telemóvel?", "Arranjei um tarifário óptimo para votar MMS", "Queria muito votar MMS, mas não posso, tenho um iphone". E depois aquela cena da Conchichina é muito boa. É muito - como explicar? -, muito de peito aberto. Nós somos o que somos e a nossa proposta é esta. A Conchichina precisa deles, vote em nós, que nós tratamos disso. E será que eles fazem campanha na Conchichina? Tipo: "vocês precisam destes senhores" - até podia ser o mesmo cartaz, só mudavam os dizeres.
Vou pensar. Prometo manter-vos informados. Mas estou assim um bocadito mais inclinado para os tipos dos telemóveis.
Em Inglaterra, uma associação de censores moralistas anti-tabaco com tiques de autoritarismo exige disposições legais para banir o fumo dentro dos carros particulares. Não apenas uma proibição parcial para carros que transportem crianças, mas uma proibição total supostamente devido ao perigo que fumar ao volante constitui. Na realidade, há quem considere que conduzir a fumar corresponde a «condução perigosa»!
Já ouvi inúmeras objecções cretinas ao fumo do tabaco, que «cheira mal» e afins, mas nunca ouvi nada tão ridículo como esta afirmação de que o fumo do tabaco é prejudicial para a visibilidade de um condutor. Acho incrível que, tal como me disseram repetidamente que o mau cheiro do tabaco «devia ser objecção suficiente» para que se proiba o fumo, haja quem considere que estas lucubrações imbecis são suficientes para chatear os fumadores. Concordo totalmente que os não fumadores não devem ser involuntariamente expostos às substâncias nocivas exaladas por outrem mas é a sua saúde que deve ser protegida não as suas sensibilidades olfactivas ou preconceituosas. E este pedido de legislação não passa de uma tentativa de impingir aos restantes os preconceitos de quem a propõe.