No dia 13 de Julho foi divulgado mais um relatório sobre abuso sexual de menores na Irlanda, leia-se por padres, o relatório Cloyne . Em mais uma investigação sem a prometida colaboração da Igreja, foi descoberto o óbvio: contrariamente ao que prometeu e ao que o Estado irlandês obriga pelo menos desde os relatórios Ryan e Murphy, este último a revelar o abuso endémico de menores em instituições católicas, o Vaticano continuou a encorajar os seus bispos a encobrir os casos de abuso sexual de menores, tão recentemente como há 3 anos.
Os halos, solares e lunares, são um fenómeno óptico bastante vulgar que ocorre em determinadas condições atmosféricas, mais concretamente, a formação de halos deve-se à difracção (e reflexão) de luz nos minúsculos cristais de gelo existentes nas nuvens que dão pelo nome cirros-estratos.
Os cirros-estratos, nuvens que lembram um véu transparente, formam-se entre 5 e 11 km e portanto o fenómeno pode ocorrer em qualquer ponto do globo, dos pólos ao equador, como confirmaram há uns anos os gaúchos de Rio Grande do Sul.
Por vezes, em latitudes que permitem temperaturas suficientemente baixas, ocorre um fenómeno conhecido como «Pó de diamante», em que os halos são formados por difracção da luz em cristais de gelo formados próximo do solo, tão próximo que o fotógrafo pode «tocar» os raios de luz com as mãos.
Ainda a propósito disto, em particular a propósito do excerto infra reproduzido da homilia criacionista de Bento XVI, recordei Carl Sagan e discussões antigas aqui no blog:
"God made the world so that there could be a space where he might communicate his love, and from which the response of love might come back to him. From God’s perspective, the heart of the man who responds to him is greater and more important than the whole immense material cosmos, for all that the latter allows us to glimpse something of God’s grandeur."
«O Mundo como o conhecemos foi criado por uma colisão fortuita de átomos» Titus Lucretius Carus, De Rerum Natura (Da Natureza das Coisas), Livro V
Na sua homilia pascal, Bento XVI não desiludiu os mais conservadores ao frisar que é necessário ter em conta a expertise concedida pela estonteante ciência do neolítico. Assim, para Bento XVI, é totalmente errado a ciência não aceitar o relato bíblico da criação e insistir em explicar a origem das espécies com base em factos e não na religião (católica, claro), perseguindo a omnisciente ICAR com termos como evolução ou acaso e negando a realidade da "razão creativa divina". Aliás, segundo Bento XVI, aceitar os dislates papais é a única forma de nos aliarmos à razão- a única, a dele.
As lucubrações biológicas do Papa foram acompanhadas por um serviço litúrgico assegurado por membros dos Legionários de Cristo, uma das ordens fundadas pelo pilar da Igreja Marcial Maciel Degollado. Muito apropriadamente...
John Gerard Bruton ou Seán de Briotún, primeiro-ministro da República da Irlanda entre 1994 e 1997, ficou muito maçado com o ímpeto reformador do novo ministro da Educação, o mesmo Ruairi Quinn que vemos neste vídeo a reagir ao relatório Ryan, o tal que revelou o abuso endémico de menores em escolas e instituições católicas.
O representante permanente da Santa Sé junto da ONU, o arcebispo Silvano Tomasi, condenou anteontem o que considera uma «violação dos direitos humanos fundamentais e que não pode ser justificada em nenhuma circunstância». Tomasi referia-se ao que chamou tentativas de silenciar os católicos e outros críticos de práticas homossexuais expressas na resolução que condena a homofobia institucionalizada. De facto, como se sabe, todos os anos são assassinados, condenados à morte, presos, torturados ou espancados milhares de devotos católicos que se atrevem a criticar os imorais homossexuais. Haja paciência para tanto autismo!
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) deliberou ontem que a presença de crucifixos nas salas de aulas públicas não viola a Convenção Europeia dos Direitos do Homem de 1950. Esta nova decisão anula a condenação do Estado italiano pela presença de crucifixos nas salas de aula de escolas públicas, considerando que esta é uma decisão que deve ser deixada a cada Estado.
O caso, levado a Estrasburgo em 2006 por uma mãe de nacionalidade finlandesa, residente em Itália, que desde 2002 alegava que a presença de crucifixos nas salas de aulas frequentadas por não católicos violava o direito dos pais educarem os seus filhos de acordo com as suas convicções, tinha sido decidido em Novembro de 2009. Há pouco mais de ano e meio, os juízes chegaram ao veredicto que deveria ser óbvio: a presença de símbolos religiosos nas salas de aulas viola o direito das crianças a uma educação laica e à «liberdade de pensamento, consciência e religião». É preocupante que apenas 2 dos 17 juizes* envolvidos considerem que a manutenção ou não de crucifixos nas escolas públicas é uma decisão que cabe a cada Estado, independentemente das disposições em termos de liberdade de religião desse Estado.
As declarações de vencidos dos juizes Malinverni (Suiça) e Kalaydjieva (Bulgária) (a partir da página 49, inclusive, na decisão final) exprimem bem o que sinto a esta deliberação, cujos resultados chegaram já ao nosso cantinho. De facto, os católicos cá do burgo, encorajados pela decisão, vão entregar uma petição na AR exigindo o regresso em força dos crucifixos às salas de aula sob o pretexto de que a coisa, supostamente, encoraja a "liberdade de pensamento". Estranha definição de liberdade e de liberdade de pensamento têm os mais beatos nacionais...
Na sua mui contestada visita ao reino Unido, Bento XVI debitou umas ainda mais contestadas palavras para explicar as causas do Holocausto:«Enquanto reflectimos sobre as advertências do extremismo ateu do século XX, não podemos nunca esquecer como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública, conduz em última análise a uma visão truncada do homem e da sociedade.»
Uns meses depois destas afirmações e escassos dias depois de se saber que o Vaticano enviou (mais) um padre abusador de menores para um retiro de oração e penitência, certamente para confirmar que sem fé em deuses não há moralidade possível, o Vaticano confirmou o que há muito se sabia mas era veeementemente negado:
«Confidential Vatican reports obtained by the National Catholic Reporter, a weekly magazine in the US, have revealed that members of the Catholic clergy have been exploiting their financial and spiritual authority to gain sexual favours from nuns, particularly those from the Third World who are more likely to be culturally conditioned to be subservient to men.
The reports, some of which are recent and some of which have been in circulation for at least seven years, said that such priests had demanded sex in exchange for favours, such as certification to work in a given diocese.
In extreme instances, the priests had made nuns pregnant and then encouraged them to have abortions.»
Claro que todos sabemos que para o Vaticano os únicos maus da História são os ateus, os relativistas morais que conduzem a uma visão truncada do homem e da sociedade, responsáveis por todos os males do mundo, em particular, responsáveis por denunciar a muita roupa suja moral escondida pelo Vaticano.
Quase dois milhões de libras, cerca de 2,2 milhões de euros, foram desviados de fundos públicos de ajuda ao desenvolvimento de países pobres para ajudar a pagar a viagem do Papa ao Reino Unido. Os cálculos preliminares, publicados em Novembro, indicam que a visita de 4 dias custou cerca de 10 milhões de libras, 12 milhões de euros, aos cofres do Estado. Ainda não se sabe bem de que fundos sairam os restantes 10 milhões de euros. Por cá, 8 meses depois, ainda não temos sequer uma previsão de quanto nos custou, aos contribuintes, a visitinha papal de Maio.
A newly revealed 1997 letter from the Vatican warns Ireland's Catholic bishops not to report all suspected child-abuse cases to police because that would violate the church's canon laws.