Depois de nesta entrevista ter admitido que a dívida da Madeira era "coisinha pouca", 5 mil milhões de euros, uma pechincha de valor próximo ao do PIB madeirense*, e de posteriormente ter corrigido esse valor para próximo de 6 mil milhões de euros - o triplo do admitido ainda há dias -, Alberto João Jardim voltou a brandir a independência como arma de chantagem. No jantar comício de ontem na Camacha, um dos muitos que os contribuintes nacionais vão pagar aos ilhéus, AJJ afirmou que ou o contenente paga a dívida madeirense ou «então dêem-nos a independência».
Depois de noutro jantar comício ter esclarecido que «quem fez a dívida da Madeira foi a pouca vergonha do Estado português quando lá estavam os socialistas» agora acrescenta que os sem vergonha contenentais, não contentes em endividar os madeirenses agora queriam «que nós não tivéssemos dívida, para ajudá-los a pagar a dívida deles, que é muito mais grave que a nossa, e queriam também que nós ficássemos sozinhos a aguentar os nossos problemas». De facto, de cada vez que AJJ, rei de uma ilha que corresponde a 2,5% da população nacional, passa a vida a comparar, em valor absoluto, a dívida madeirense com «a vergonha da do Continente». Claro que não interessa comparar em percentagem do PIB porque aí não se poderiam dizer anormalidades sobre o contenente - e se poderia apreciar a dimensão do exemplo de «um bom governo do PSD» e a total falta de vergonha na cara da coisa poucochinha madeirense.
*zona franca incluída, sem a zona franca, que pouco ou nada contribui para a riqueza (ou emprego) da ilha, usando os dados do INE e estimando um crescimento do PIB madeirense igual ao do PIB nacional, os 5 mil milhões de euros correspondem a ~140% do PIB da Madeira (e a dívida pública admitida a ~165%). Os 7 mil milhões de que se fala, sem as dívidas dos munícipios nem das empresas municipais, corresponderiam a ~190% do PIB madeirense.