Mário Bettencourt Resendes (1952-2010)
No último programa do maior português de sempre, naquele em que ganhou o Salazar, estava sentada ao lado deste homem, assim meio escondidinha. Tínhamos participado em debates que decorreram ao longo do concurso em questão e ali nos tinham sentado, no último dia, no lugar da "claque" de um dos nossos nomes dos descobrimentos, apoiado pelo meu "colega de cadeira".
Eu estava ali por falta de espaço, porque tinha ido a um debate apenas para falar sobre a bipolarização Cunhal/Salazar, tentar perceber a lógica daquele concurso, que fez correr tanta tinta. Declarei que não votaria em nenhum candidato, porque não era o tipo de coisa que me animasse, dizendo, de caminho, e em todo o caso, que, pela amostra, simpatizava mais com os poetas, que sempre nos ensinam que por dentro das coisas é que as coisas são.
Naquela final, sentada ao lado do Mário Bettencourt Resendes, estava preparada para uma noite muito aborrecida.
Uma das coisas que a fez animada foi a nossa conversa sobre o perfil sociológico das claques do Cunhal e do Salazar, ambas muito aguerridas e, para ajudar à festa, sentadinhas lado a lado. Nem precisavam de identificação. Foi uma noite tão divertida.