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O Daniel Oliveira já disse tudo o que havia dizer sobre os acontecimentos de ontem na Madeira. Há bocadinho descobri que a «carta branca» dada aos seus apoiantes para tratarem dos opositores políticos não foi a última palavra de Alberto João Jardim em relação ao que aconteceu. O Jornal de Notícias informa-nos que o presidente do Governo Regional da Madeira vai apresentar uma «participação-crime» contra a PSP. De facto, AJJ considera que a Brigada de Intervenção Rápida da Polícia de Segurança Pública, que teve de intervir para proteger os militantes do PND, foi «conivente com os provocadores» e «está sob controlo de Lisboa e consente toda a espécie de provocações aos autonomistas». Certamente esta conivência com malfeitores ordenada pelo «Contenente» é mais uma manifestação da asfixia democrática de que tanto se falou na campanha para as legislativas...
«Em Maio de 2007, o líder parlamentar do PS, Vítor Freitas, pediu a palavra. Mal começara a falar quando o presidente da bancada do PSD, Jaime Ramos, se levantou e gritou: "Este senhor que está a falar é filho de um preto que foi enrabado em África", como conta o deputado socialista Carlos Pereira. Fez-se silêncio.»
[in Sábado n.º 237, página 64]
Começo pelo óbvio: a atitute arruaceira do deputado do PND-Madeira é indesculpável. Dito isto, há que acrescentar que a decisão de suspender o mandato do dito deputado consegue olhar de baixo a acção do eleito do PND-Madeira - é ainda mais rasteira. No mandato de um deputado não podem mexer outros deputados. Isto parece-me elementar. Sejamos claros: o mandato de um deputado, regional no caso, e como já foi sublinhado por Jorge Miranda, só pode ser suspenso quando houver uma acusação judicial. Sucede que, neste momento, estamos longe de que tal aconteça - vai haver, ao que parece, uma queixa crime. E assim, depois de ouvir as vozes da razão, lá se arrepiou caminho, deixando-se cair a fajuta suspensão.
Que fazer no entretanto? Aguentar o homem, o mesmo que dizer: aguentar a democracia, sob pena de lhe estarmos a minar as bases. Ou mudar de regime. Ou assumir essa mudança. É chato? Coça!
Mas, ou não tivéssemos chegado à Madeira, como não entra pela porta, vai pela janela - sai o coelho da cartola: "PSD-Madeira suspende Parlamento até decisão judicial sobre deputado do PND" (em rigor, não foi o PSD-Madeira, mas a assembleia regional, apenas com os votos do PSD-Madeira, o que vai dar ao mesmo).
Ora, neste tipo de crime, desde a queixa até à acusação, seja ela particular ou deduzida pelo Ministério Público, ou seja, desde o início do processo até ao fim do inquérito, mesmo em casos com esta aparente clareza, passam em regra alguns meses (de resto, há formas de prolongar esta fase processual, basta o arguido indicar testemunhas cuja inquirição em sede de inquérito repute de essenciais).
Em suma e concluindo, partindo do principio que será caso estranho que haja acusação antes de passarem dois ou três meses (e já estaremos perante singular rapidez), caso o Presidente da República não consiga convencer quem tem que ser convencido, que na Madeira tem nome próprio e apelido, a Assembleia Regional madeirense não terá sessões plenárias durante os meses que demorar a sair a tal acusação.
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...